Conte sua história › Tizuka Yamasaki › Minha história
Eu nasci em Porto Alegre em 1949, antes da chegada dos japoneses por lá. Meus pais se conheceram em Atibaia (SP), apresentados por um "Nakodo", casamenteiro conhecido. Minha mãe era filha única e minha avó via no meu pai um herdeiro para a fazenda dela.
Mas havia um problema: meu pai e a minha avó eram muito parecidos. Impetuosos e orgulhosos, os dois não se entendiam. Então, ele quis se mudar de Atibaia. Foi trabalhar em Belém Velho, perto de Porto Alegre, a convite de um amigo. Minha mãe já estava grávida e foi atrás dele. E foi assim que eu nasci no Hospital Moinho de Ventos, na capital do Rio Grande do Sul. Um ano depois, voltamos para Atibaia numa tentativa de reatar com a família.
A avó Titoe
Minha avó havia tido outro filho, que morreu de difteria ainda bebê. Em pouco tempo, ela perdeu o bebê e também ficou viúva, quando minha mãe ainda era pequena. Em uma época que não era recomendável que as mulheres ficassem sozinhas, seja por viuvez ou pelo abandono do marido, a família tratou logo de arrumar outro casamento para ela, mas infelizmente outros filhos não vieram. (Assista aos vídeos e conheça a história da família de Tizuka).
Em Atibaia, nasceu minha irmã, Yurika, quando eu tinha três anos. Pouco depois, por circunstâncias pessoais, meu pai precisou viajar para o Japão e morreu lá. Enquanto meu pai viveu, só se falava japonês em casa. Mais tarde, me contaram que ele foi uma pessoa muito rígida, determinada, mas também eloqüente e um sonhador romântico.
Quando eu nasci, ele queria que eu fosse advogada. Depois que ele morreu, eu e a Yurika chegamos na idade de ir pra escola e, assim, aprendemos o português. Minha mãe contratou um professor de japonês na Capital para que nós mantivéssemos o japonês em casa, mas nossa rejeição foi grande - coisa que eu chamo de "bloqueio cultural" - e assim o japonês se perdeu. Uma pena!
Depoimento à jornalista Renata Costa
Fotos: Everton Ballardin e arquivo pessoal de Tizuka Yamasaki
Vídeos e áudios: Estilingue Filmes
Tizuka fala sobre os hábitos alimentares de sua família. Na mesa não faltam arroz branco e yasai
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil