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  Conte sua históriaRenato Kenji Nakaya › Minha história

Renato Kenji Nakaya

São Paulo / SP - Brasil
79 anos, empresário

Peixe cru, uma vergonha


Minha infância toda eu passei aqui, ao lado da fábrica. Até o ginásio nós praticamente só convivíamos com pessoas da comunidade. Não sei se era a necessidade da própria comunidade de se auto-proteger ou se seguia aquele senso associativo que os orientais têm, mas as famílias de origem japonesa sempre incentivaram a construção de vários clubes de bairro. Eram os kaikans, onde as pessoas faziam casamentos, festas poliesportivas (as undokai). Eram festas muito divertidas! Além de esporte, tinha muita comida. As famílias traziam o bentô, doces como o moti e o ohagui, muita coisa gostosa.

Depois do ginásio, já começamos a ter amizade com pessoas de fora da comunidade. E, quando a gente trazia colegas de escola para casa, nossos pais tentavam oferecer pratos da culinária brasileira, para agradar. Era pipoca, bolo, bife, feijão. A gente tinha um medo danado de dizer que comia peixe cru. Na época, isso era muito difícil de aceitar.

Em 1966, entrei na faculdade de engenharia química, na FEI. Mas não deixei de ajudar na empresa. E eu ainda trabalhava em banco e, nas horas vagas, dava aula de ciências, para completar os rendimentos. Foi na faculdade que eu conheci minha atual esposa, Marisa. Ela estudava química industrial e a gente se trombou. Ela é descendente de italianos e, por causa disso, meus pais dificultaram o namoro. Fizeram de tudo para que não acontecesse o enlace. A cultura do “miai” ainda era muito presente. Até que os amigos do meu pai falaram para ele: “Para que dificultar se pode facilitar? Enfim, estão no Brasil, e não no Japão.” Casamos em 1974, depois de oito anos de namoro.

Depoimento ao jornalista Xavier Bartaburu
Fotos: Carlos Villalba e arquivo pessoal de Renato Nakaya
Vídeos e áudios: Estilingue Filmes


Enviada em: 31/01/2008 | Última modificação: 01/02/2008
 
« Um empresário do molho de soja Empresa familiar »

 

Comentários

  1. Renato Yassuda @ 1 Fev, 2008 : 10:40
    Prezado senhor Nakaya; Parabéns pelo relato. De certa forma já conhecia a sua história pois já temos contato com o senhores no fornecimento de soja para a fabricação de shoyu. Gostaria de ressaltar o cuidado e o profissionalismo de seus colaboradores para a aquisição de matéria prima de sua indústria. Peço que pergunte à meu respeito com seu gerente, Renato Akira Honma. Coincidência também o fato que todos nós temos o mesmo nome brasileiro(Renato).Gostaria que o senhor visitasse também meu relato para conhecer um pouco de minha história familiar. Ficarei muito agradecido e honrado.Atenciosamente; Renato Yassuda

  2. LUIZ S. ISHIBE @ 12 Mai, 2008 : 21:45
    FOI UMA SUPRESA SABER QUE MOLHOS CEREJA E SAKURA SÃO EMPRESAS DE IRMÃOS .(HIDEKAZU/SUEKICHI NAKAYA) . NA DECADA DE 60 ,COMPRAVA SE SHOYU A GRANEL ,NA FABRICA DE P.PRUDENTE NA VILA FURQUIM,O MANEJO ARTESANAL COM ENORME TACHO CURVO DE 4MT DE DIAMETRO ENTERRADO NO PISO. TEMPOS NOSTALGICOS.

  3. Telma @ 16 Ago, 2008 : 22:31
    O Brasil é que tem a agradecer a vinda de seus pais e de todos os japoneses. Eles ajudaram esse país a crescer, elevaram o nível de escolaridade, desenvolveram a agricultura e de quebra introduziu alimentos saudáveis como o shoyu e o missô. Compartilho com sua idéia de passarmos aos nossos descendentes, os valores, disciplina e respeitos trazidos por nossos ancentrais. É a maior herança que podemos deixar. Principalmente se tratando de um país jovem como o Brasil, cujo maior valor ainda é levar ventagem em tudo. Telma

  4. Paulo @ 19 Ago, 2008 : 14:20
    Em todos os povos e raças com certeza existem os bons com os seus defeitos e os ruins com os seus valores, de todas as maneiras, acredito que deve haver uma reprocidade de ambos os lados: primeiro o brasil que recebeu um impulso importantíssimo em vários setores com a imigraçao japonesa e os japoneses que foram bem recebidos nesta terra maravilhosa criada por deus.

  5. Luiz Duptrat @ 28 Abr, 2010 : 13:46
    para verificação

  6. renato barreto @ 2 Jul, 2010 : 21:19
    queria saber meu nome !!!

  7. renato barreto @ 2 Jul, 2010 : 21:19
    queria saber meu nome !!!

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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil

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