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Osamu Takimoto

Rio de Janeiro / Rio de Janeiro - Brasil
84 anos, Engenheiro aposentado

Parte 3 Meu casamento


Na ocasião de plantão em Fontes(área de usina da Light) nos finais de semana quando havia pouca demanda de serviço eu ia à casa do Sr.Cesário para conversar. Naquela casa que eu conheci a minha esposa Ruth, pela primeira vez. Ela estava passando férias com os primos. Após alguns meses Sr.Cesário me convidou para conhecer a cidade de Itajubá no sul de Minas, ele ia para batizar o sobrinho-neto Rogério filho de Lauro. Fomos no meu carro e dormimos na casa do Sr.Cyrillo(sogro). Lá novamente encontrei com Ruth na sala assistindo TV embrulhada no cobertor porque fazia bastante frio naquela noite. Ela veio para conversar comigo no intervalo de programa de TV. Ela tinha cabelo longo bem cuidado isso mexeu com minha química, porém, aquele dia ficou por isso só.

Voltei naquela cidade com passageiras(caronas) que arrumei na casa do Sr.Cesário. Pernoitei na casa do Sr.Cyrillo mais uma vez. Desta vez tive bastante tempo para conversar com Ruth e resolvemos intensificar a nossa amizade. Sai de Itajubá com destino a São Paulo com Jefinho e Rubinho no carro. Eu não tinha noção de conhecimento deles sobre a cidade então parei na Av. São João bem no centro de São Paulo e sugeri que fosse andando o resto. Eles aceitaram e desceram por lá. Se foi bem ou não aquela carona para eles não fiquei sabendo até hoje. Objetivo daquela viagem era para buscar meus pertences que deixei na casa de meu parente quando me mudei de São Paulo para Rio.

Quando éramos noivos, eu morava no Rio e ela em Itajubá no Sul de Minas Gerais. Eu ia na casa dela de carro nos fins de semana. Apesar de ter dado muitos problemas no carro continuei encontro semanal ou quinzenal. Algumas vezes cheguei em Itajubá rebocado. Durante o namoro eu correspondi pela carta com a noiva, uma forma de tentar familiarizar mais com a língua portuguesa. Ela me entendia e corrigia as minhas cartas, era uma pequena aula bem sutil. Com a família dela também conseguia me entender e aprendi algumas modas mineiras de falar. Todos da família da Ruth são gentis e carinhosos, me receberam de braços bem abertos. Creio que no início devia ter sentido estranheza a minha presença.

A família dela era grande. Na casa dos pais dela moravam tios paternos e maternos às vezes sobrinhos também se juntavam. Ela tinha no total de 12 irmãos de cima pra baixo Cidinha, Lauro, Isa, Nélson, Neusa, Gefferson, Ruth, Rubens, Jairo, Marcos, Saulo e Levi. Apesar do grande número de pessoas não havia tanta confusão, são irmãos unidos e harmoniosos. O Saulo estudou curso técnico de eletricidade. Quando concluiu ele, sem falar comigo, veio para Rio e prestou exames de admissão na Light e alguns dias depois me solicitou ver o resultado. Eu fui no setor correspondente e pedi o resultado do Saulo. Funcionário me perguntou “Qual é o nome completo dele?” Eu respondi prontamente “Saulo Rodrigues de Souza”. Ele me disse que não há candidato com esse nome mas tem “José Saulo Rodrigues”. Fiquei na dúvida porque todos os irmãos tem o sobrenome de “Rodrigues de Souza”. Depois soube que era único que tem nome diferente entre doze irmãos. Curiosamente Ruth também não sabia o nome certo do irmão Saulo. Infelizmente ele não havia conseguido pontos mínimos de aprovação.

O meu casamento aconteceu menos de um ano de namoro por decisão dela. Estamos juntos ainda porque não há arrependimento, portanto somos felizes. Na ocasião de nosso casamento confesso que meu domínio da língua portuguesa ainda era péssimo, para dizer a verdade até hoje. Para transmitir o que tem na mente, as vezes, não precisa de muitas palavras nem tampouco gramática correta. Importante é falar com poucas palavras e escutar mais.

Na ocasião do nosso casamento Cidinha, Lauro, Nélson e Neusa já eram casados. Os demais casaram depois da gente exceto Isa, Saulo e Levi, esse último teve problema sério de saúde mental e com 33 anos ele faleceu. Com o Levi nos convivemos bastante tempo. Ele vinha na nossa casa, de vez em quando com o pai, e tratava sua saúde no Rio durante muitos anos, por isso, sentimos muito a morte dele.

O meu sogro aposentou se poucos anos depois do nosso casamento. Ele era uma pessoa rígida, religiosa, rigorosa, sistemática e gostava muito de falar sobre a vida passada dele para quem estivesse na frente. Isso continuou até o momento da morte dele aos 94 anos. Antes ele passou pela vida política e chegou a ser prefeito. Durante bom tempo ele foi Juiz de Paz de Itajubá. Ele contava nos com bastante orgulho da amizade que teve com Aureliano Chaves quem morou em Itajubá no tempo passado. Segundo história dele, ele não tinha tempo na adolescência pois trabalhava além da imaginação. Então após aposentadoria resolveu aproveitar a vida principalmente quando nos íamos a Itajubá ele saía comigo para pescaria e a noite era sempre jogo de baralho até amanhecer.

A minha sogra era uma pessoa super simples. Essa rara simplicidade passou para Ruth. Tanto ela como meu sogro veio de família numerosa que na época era tão normal. Meu pai também teve oito irmãos e a minha mãe teve apenas quatro irmãos. A família da sogra era de Rio Manso um lugarejo que fica a cinco kilômetro de Itajubá. Nessa família tinha muito patrimônio contudo com o decorrer do tempo dissipou quase na sua totalidade. A geração da sogra hoje não há mais ninguém.


Enviada em: 07/07/2009 | Última modificação: 28/07/2009
 
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Comentários

  1. Elika Takimoto @ 1 Nov, 2008 : 13:44
    Orgulho de ser sua filha! Poderia agora contar a todos como conheceu mamãe e se entenderam sem ela saber falar japonês e você o portuguës! : )

  2. cesarsleal @ 1 Nov, 2008 : 14:18
    essa historia é um exemplo de vida e de perseverança! Parabens seu takimoto!!! seu valor e seu legado são inestimaveis...um grande abraço

  3. greuza @ 1 Nov, 2008 : 14:23
    takimoto; adoro a sua historia. Não poderia ser mais bonita, como voce. Admiro muito toda sua familia, alem de amar a sua filha "EkA", minha norinha. beijos

  4. greuza @ 1 Nov, 2008 : 14:24
    takimoto. Continue escrevendo, pois gosto muito da sua historia.

  5. Regina Coeli @ 1 Nov, 2008 : 18:03
    Parabéns Osamu!!! Trabalhamos muitos anos juntos e posso dizer que vc é um exemplo de vida e que aprendi muito com vc, na vida conhecemos muitas pessoas, muitas passam e poucas ficam, pessoas essas que realmente marcam por seu companheirismo, amizade e acima de tudo dignidade. Você, Osamu é uma dessas pessoas raras e cativante, que podemos contar sempre até nos momentos mais difícies, você é o CARA. Obrigado pela sua amizade, por ser uma pessoa que marca tão somente por ser você mesmo, continue escrevendo amigão adorei a sua historia !!!!!!!!! Voce é um presente de Deus !!!!

  6. Lydiane @ 1 Nov, 2008 : 22:43
    Papai, te amo muito!

  7. Regina Nunes @ 1 Nov, 2008 : 23:13
    História de um verdadeiro "guerreiro" com grandes vitórias. É um grande exemplo de vida. Voce venceu e sempre trilhando o caminho da honestidade e da perseverança. Voce poderia escrever um livro. Histórias como a sua devem ser registradas e divulgadas. Parabéns!!!

  8. Patrícia @ 2 Nov, 2008 : 00:23
    Parabéns Seu Takimoto!!!Sua vida é um exemplo de corajem e determinação, e agora eu já sei de quem a Élika herdou o dom de escrever e contar estórias.Continue escrevendo.Um grande abraço.

  9. Tatiana Takimoto @ 2 Nov, 2008 : 06:58
    Sua história é extremamente linda meu pai! Como eu já disse, você é um exemplo e tenho muito orgulho de você. Sua luta, suas conquistas, seus medos vencidos, seus filhos criados com tanto amor e carinho. Nunca vi pai tão atencioso e tão preocupado em nos dar uma vida alegre cheia de lembranças boas. Muito obrigada por ser meu pai, te amo!!!

  10. José Carlos S. Faia @ 3 Nov, 2008 : 00:45
    Grande amigão, Ao longo de anos estivemos juntos na empresa em que trabalhamos, aprendi muito com você, mas o mais incrível de tudo é que nossa amizade se estreitou e muito após a nossa aposentadoria. OT, você não deixou que o afastamento da empresa deixasse que os colegas debandassem, haja visto os encontros mensais que você organiza para todos nós; isto é uma confraternização mensal que você proporciona aos nossos amigos. Como já foi dito antes, VOCÊ É O CARA!!! Sou feliz por tê-lo na lista de meus melhores Amigos.Ouviu AMIGÃO. Beijos e abraços para você e sua grande e maravilhosa Família. PS.: Não pare de escrever; pois esta história, junto com a Família (esposa, filhos, genros, nora e principalmente netos)ainda vai virar livro, é só acreditar nisso (vá em frente). Faia

  11. Tony Takimoto @ 3 Nov, 2008 : 09:18
    Estou escrevendo isso pelo celular que é o que eu tenho aqui (quebrei o punho andando de skate e estou no hospital). Novidade no texto foi a razão de não gostar de feijão. Ter tão pouco a descobrir sobre meu pai demonstra quanto somos amigos.

  12. Preguinho @ 7 Nov, 2008 : 22:48
    Nossas histórias de vida se cruzaram por pouco tempo (menos de 3 anos trabalhos juntos). E quase 30 depois nos re-encontramos graças à sua iniciativa de reunir um Grupo de Amigos da Light. Agora, conhecendo a sua história de vida, posso entender melhor porque tantos têm tanto carinho por você. Muita coragem você teve para abandonar tudo na sua terra natal e se lançar numa viagem sem volta para fazer vida num outro país tão distante e desconhecido. Uma história muito bacana. Parabéns por sua família. Vida longa e um forte abraço!

  13. Daniel @ 6 Jun, 2009 : 12:48
    Ola so queria dizer que meu sobrenome tbm e takimoto e sua historia e muito bonita parabens

  14. Mario Katsuhiko Kimura @ 8 Jul, 2009 : 03:20
    Sr. Osamu Takimoto, Li as suas historias, gostei. Parabéns. Mostra ser uma saga de imigrante japonês que com muita galhardia venceu a vida neste longínquo Brasil. O senhor pertence a outra leva de imigrantes, diferente da que pertenceu meus pais (sou nissei), no entanto, verifica-se que foi tão sofrida quanto deles. Parabéns pela superação, formação da bela família com sucesso. Grande abraço, saúde e paz.

  15. Tata @ 8 Jul, 2009 : 06:04
    Saudades de você, meu pai... essas suas histórias me comovem. Alguns detalhes nem eu sabia. Mas o importante disso tudo é que a sua vida sempre foi muito digna e seus filhos herdaram seus valores que eu admiro demais e hoje tento passar para seus netos. Te amo... ai que saudade... vem pra cá!

  16. Elika Takimoto @ 9 Jul, 2009 : 03:28
    Mas você não contou como foi pedir a mão da mamãe em casamento!!!! Comece a escrever, então. Esse pedaço é muito bom! Bjs Sua filha-chiclete.

  17. Erika Noguchi @ 9 Jul, 2009 : 06:30
    Sr Osamu! Parabéns pelas histórias! Quando leio seu blog, quase vejo a história do meu pai... (aliás, tenho falado pra ele seguir o seu exemplo e escrever suas histórias também!). Um abraço, com muita admiração!

  18. Thaís Nunes @ 20 Jul, 2009 : 12:05
    Bela história...

  19. Thaís Nunes @ 20 Jul, 2009 : 12:24
    Me emocionei com a história do pai da minha eterna professora de Física!! Parabéns pela coragem e determinação do senhor, Srº Osamu Takimoto.

  20. Osamu Takimoto @ 7 Abr, 2010 : 14:13
    Boa noite! Meu nome é Flávia de Oliveira Carvalho só entrei no site para procurar um pessoa que fez parte da minha juventude! Morei em Carajas (PA) e entre os anos 80 e 90 conheci um rapaz chamado Jun Moto (não tenho certeza do sobrenome dele!!). Nós o chamavamos dessa maneira. Ele foi estagiário da CVRD (VAle do Rio Doce). Ele morava em Belem (PA). E a ultima notícia que tive dele é de que estava trabalhando como aviador. Em momentos vagos DJ's! Qualque notícia eu agradeceria muito a você. flaviacavalc@yahoo.com.br Busca: colônia japonesa de Belém no Pará

  21. João Nunes Filho @ 4 Dez, 2010 : 14:59
    Moro atualmente em Brasília, mas fui durante toda minha vida vizinho da família de sua esposa, estudei o primário com o Saulo e sou amigo de todos eles, graças a Deus.Fique com Deus, um forte abraço

  22. João Nunes Filho @ 4 Dez, 2010 : 15:48
    Sou amigo da família da Ruth, como já falei.Gosto de todos , em especial do Saulo , com quem estudei o primário, gosto até dos gatos. Por favor mande um abraço a eles. joaofilhonunes@bol.com.br 61-3384-9856 61-9625-3906

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