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Shigemitsu Sugiyama

São Paulo
83 anos, luthier

O último navio para o Brasil


Sou de uma família de uma pequena cidade na Província de Shizuoka.
No pós-guerra, passamos por muita dificuldade, assim como todos os japoneses. Meu pai era jinushi (dono de terra), mas foi obrigado a distribuir sua terra, recebendo um valor simbólico por ela.

A situação de nossa família se complicou em 1949, quando meu pai faleceu, logo depois de meu avô e bisavô. Assim minha mãe montou uma pousada em casa, pois havia termas no local. Era uma época difícil, então recebíamos poucos hóspedes. Mas não havia outra opção.

Em 1960, fui morar em Tóquio pois em minha terra natal não conseguiria trabalho. Meu primeiro emprego foi em uma consultoria multinacional. Com o tempo, fui subindo de cargo, mas não gostava de ficar no escritório todos os dias. Não me sentia bem mexendo com aqueles papéis. Pensei em mudar de rumo, terminando por sair da consultoria em 1967.

Nesta mesma época, comecei a aprender a tocar violão com um professor que me deu aulas por dois anos, gostava muito do som do instrumento. Resolvi, assim, unir duas coisas que me agradavam: o som do violão e a madeira. Desde criança tive interesse por madeiras, costumava brincar com a caixa de ferramentas de marcenaria de meu bisavô.

De início, fui trabalhar em uma fábrica de violões, onde tive o aprendizado básico do processo de construção do instrumento. Mas eu queria entender melhor o que é que levava a madeira a produzir a qualidade do som. Infelizmente, ninguém me explicava ao certo e imperava a idéia de que bastava que os instrumentos seguissem os formatos já existentes.

Foi então que decidi deixar meu país, em busca de um conhecimento maior. Embarquei sozinho no Brasil Maru, em sua última viagem dos imigrantes japoneses ao Brasil. Vim morar na cidade de São Paulo.

Depoimento à jornalista Kátia Arima


Enviada em: 11/10/2007 | Última modificação: 30/10/2007
 
A busca por um som melhor »

 

Comentários

  1. Elisa K. @ 12 Abr, 2008 : 16:25
    Sr. Sugiyama, deve ser muito gratificante ver a simbiose de um luthier e um músico transformar-se em belas melodias, como é a nossa música brasileira. Sobretudo qdo esses artistas levam seus acordes para grandes palcos do mundo. Parabéns pelo belo trabalho.

  2. Rita de Cássia Arruda @ 13 Abr, 2008 : 03:50
    Prezado Sr Sugiyama: Foi para mim uma grata surpresa encontrar aqui e ler seus depoimentos. Sem sombra de dúvida, seu objetivo de "desenvolver um instrumento de som capaz de transmitir o sentimento que o músico quer passar " já foi plenamente atingindo. Eu nem mesmo me atreveria a empregar a locução verbal "vem sendo atingido" posto que seu ofício, como luthier, é mundialmente conhecido e respeitado já tendo até virado referência. Verdadeira profissão de fé. Meu querido primo Celso, hoje músico e integrante do trio "Alma Brasileira", ficou anos na fila de espera para comprar um violão pelo senhor fabricado. Quando adquiriu o instrumento musical, tratava dele com carinho e cuidado incomuns. Nós, familiares e amigos, dizíamos que ele cuidava melhor do violão que da namorada que na época tinha. Muitas vezes, cheguei em sua casa e encontrei o violão em seu quarto, dentro do banheiro, ladeado de bacias d'água. É que o clima aqui em Brasília, em determinada época do ano, é excessivamente quente e seco. Umidade do ar que é bom, necas !!! Bem humorado, Celsinho não ligava para nossas brincadeiras e argumentava dizendo que não se tratava de um violão qualquer, mas de um "Sugiyama". A foto e a história da formação do "Alma Brasileira" constam de minha página aqui nesse maravilhoso site da Abril. Obrigada por dividir conosco seus relatos e por contribuir, de forma tão especial - magistralmente - com a história musical de nosso Brasil. Parabéns !!! Um abraço carinhoso.

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