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Tieko Fujiye

São Paulo / São Paulo - Brasil
62 anos, Professora e diretora de escola

Minha mãe


Vou contar um pouco da história da minha mãe, Hisako Fujiye. Ela nasceu em 1925, em Shizuoka, no Japão, filha de pescador e de dona de casa, na Família Sekiguchi. a vovó veio da família Shida.
Minha mãe contava sobre a vida que tivera antes deles virem para o Brasil, com muitas saudades, principalmente dos amigos que deixou lá.Como a grande maioria das famílias que vieram prá cá, eles também acreditavam no retorno ao Japão.
Lembro que minha mãe contava que minha avó sofreu muito na infância e na adolescência, quando conviveu com a madrasta, pois seu pai separou-se da mãe e os filhos ficaram com o pai, teve que trabalhar desde cedo em casas de outras famílias, até casar-se com o meu avô.
Vovó teve 8 filhos: Masa, Hisako(in memorian), Michio, Tamio(in memorian), Kazuko, Sakae, Yukio e Shizuyo.
Quando mamãe chegou ao Brasil, em 1934, os meus avós entraram como colonos nas fazendas do interior de São Paulo. Trabalharam nas lavouras de café, algodão e tomate. Passaram pelas cidades de Promissão, Cafelândia, Marília, até se fixarem em Água Doce, Juquiazinho, onde vovô comprou terras para ter a sua própria lavoura, já com os filhos crescidos, na década de 40.
Minha mãe também trabalhou na lavoura até se casar com o meu pai em 1948, no Município de Tapiraí.
Ela teve cinco filhos: Kazutora(1950), Tadahiro(1952), Hidenobu (1953-1983), Tizuru (1956) e Tieko (1962).
Os meu irmãos mais velhos nasceram em Tapiraí, eu e minha irmã na Capital.
O meu irmão conta que quando eles vieram do interior, acharam a cidade de São Paulo, linda, com as luzes nas ruas e casas. Nesta época, ela costurava para ajudar o papai.
Mamãe gostava muito de bordar, fazer tricô, crochê, fazia quadros com dobraduras de panos bordados, que aprendeu nos Cursos itinerantes que as senhoras faziam no interior de São Paulo, aprendeu a costurar, como a maioria das moças de sua época.Fazia pratos deliciosos. Bem diferente da minha avó paterna, dizia o meu pai, que ela veio ao Brasil, sem saber cozinhar e nem costurar, pois ela tinha empregados lá no Japão.
Ela adorava flores, até hoje tenho as orquídeas que ela cultivava. Gostava muito de conversar, conhecer pessoas diferentes, lugares, estava sempre com a casa cheia de amigos e parentes.
Ela foi sempre uma pessoa muito firme, só a vi chorar no falecimento dos pais e do filho.Tinha muita alegria em viver.
Em 1980, quando eu tinha 18 anos, ela começou a ficar doente, teve derrame cerebral. Mesmo assim fazia as atividades domésticas.Ficou em tratamento constante e viveu até 1990.
A lembrança que tenho dela é muito boa, a dedicação, a determinação e a disciplina que tinha e transmitia aos filhos, foi muito importante na minha formação.


Enviada em: 23/02/2008 | Última modificação: 23/08/2008
 
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Comentários

  1. Sílvio Sano @ 9 Jan, 2008 : 12:11
    Tieko, traz um fato que não era tão incomum assim no meio da comunidade, em que o pai, mesmo tendo nascido no Japão e vindo, aos 8 anos de idade, para o Brasil, considerava-se mais brasileiro do que japonês, apesar de o mesmo não ocorrer com a mãe. Mas isso, somados aos decretos de Getúlio Vargas, na época da 2ª Guerra, proibindo o uso de língua estrangeira no país e o fato de se morar em localidades que não tenham a presença da comunidade, acaba justificando o desconhecimento da língua por parte de muitos descendentes, não apenas das novas gerações. Imagine em relação à cultura daquele país. Então, esse clima do momento, devido à comemoração do centenário, acaba trazendo a reflexão sobre a importância de se conhecer as próprias raízes, conforme pode se observar em vários comentários, principalmente de jovens, neste site.

  2. Richard Seitty Takahashi @ 24 Mar, 2008 : 21:31
    Durante muitos anos, meus tios, avô e mãe contaram diversas histórias e acontecimentos passados pela família Fujiye, porém nunca com tamanho detalhamento. Fico feliz com a realização do projeto porque além de registrar a história de parte da minha família, pude conhecer fatos que não conhecia e adquirir uma nova visão sobre a época em que ainda não era nascido.

  3. Tizuru Fujiye Takahashi @ 24 Mar, 2008 : 21:57
    O relato nos mostra as recordações e lembranças sobre nossa família. Fiquei muito emocionada ao ler cada texto dos quais alguns nem conhecia. Vale lembrar que somos "kibishii", fortes, íntegros, leais com o nosso próximo e isso foi a melhor herança que tivemos da família.

  4. Jessica Emilly Takahashi @ 6 Abr, 2008 : 20:13
    Lembro-me que no oshougatsu meu ditian contava muitas histórias, sobre sua vinda ao Brasil, infância, adolescência. Duas das histórias que ele sempre repetia era de quando estava no Belém do Pará , lá só havia manga e mamão para comer: conserva de mamão, doce de manga, okasu de mamão verde... e a outra de quando estava na 4ª série e ainda não entendendo bem o português, acabou entrando na catequese por engano e por isso sabia todos os mandamentos, orações do Catolicismo apesar de ser budista. Relembrar as histórias de família, faz com que eu sinta a presença de antepassados tão queridos que já se foram.

  5. Roberto Silva Martins @ 1 Set, 2008 : 16:13
    Tenho certeza que a Tieko consiguirá atingir todas as suas metas e objetivos na vida, pois é ser humano fantástico e merece ter sucesso em tudo que estiver trabalhando em prol de outras pessoas. Parabéns Tieko por tudo, e obrigado por eu estar trabalhando juntamente com você. De seu amigo Roberto, educador universitário.

  6. Sandra, Shigueo e Shoiti @ 4 Set, 2008 : 10:35
    Tieko San, Deus do céu comtemplou o intento do teu coração ainda menina e viu Deus que era bom. Guiou-te e prosperou a tua jornada e hoje desfrutamos desta benção que é ter filhos em uma escola onde você Tieko San é diretora e tem dirigido o que Deus confiou em tuas mãos com responsabilidade, dedicação amor e muito carinho. A tua família é linda, amamos a tua foto com um aninho de idade. Te desejamos felicidades e riquezas celestiais para sempre.

  7. Tieko @ 21 Out, 2008 : 17:10
    Sandra, Shigueo e Shoiti, depende do olhar de cada um, eu que agradeço a confiança depositada por muitos dos pais da nossa escola, que acreditam que a base de uma boa formação é dada principalmente pela escola pública.

  8. Mario Katsuhiko Kimura @ 27 Abr, 2009 : 19:14
    Tieko Fujiye-senssei, Li todas as historias por você contadas, narrativas de sua vida, de seus ancestrais, historias de vida vitoriosa, suplantando-se inclusive de tabus, de menina quieta introvertida transformada em profissional de ensino de sucesso e de respeito. Meus cumprimentos pela vida vitoriosa, pela sua transparência, sua bondade em saber reconhecer os apoios dos antepassados, dos pares, dos amigos, prestando-lhes as homenagens. Você é um exemplo a ser seguido, verdadeira mestre. Parabéns pelos serviços prestados à comunidade brasileira e nikei a frente da escola em que dirige, sentimo-nos orgulhosos da ilustre representante da colônia japonesa no Brasil. Continue a escrever outras historias para que os leitores como eu possam deliciar-se e aprender e a reaprender. Saúde, paz e sucesso.

  9. Silvio Sano @ 30 Mai, 2009 : 06:44
    Tieko-sensei, mais uma vez, parabéns pela inauguração do jardim oriental da EE Anna Pontes de Toledo Natali, da qual é diretora, mas, principalmente, por ter colocado o vídeo referente ao mesmo neste site. Um grande abraço a todo o corpo docente da Anna, bem como ao discente, com o qual acabei também tendo contato direto e agradável.

  10. Christiani @ 13 Jun, 2009 : 13:21
    Tieko, como você, também sou professora e trabalho em uma escola da rede municipal de São Carlos e estou desenvolvendo um projeto que resgata história e a cultura japonesa presentes em nosso país. Um dos objetivos é resgatar as brincadeiras japonesas e tem como um dos eixos a correspondência por email. Você pode me ajudar? Se entrar em contato poderei dar mais detalhes sobre o projeto, meu email é christiani.silva@yahoo.com.br Aguardo anciosa por uma resposta! Um grande abaço!

  11. juba @ 16 Jun, 2009 : 11:53
    Eu aprendi q os Japoneses estavam com muitas dificuldades no país, e em São Paulo tinha uma fabrica de café, então eles chamaram o povo Japones para trabalhar lá,então o Brasil e o Japão fizeram uma aliança.E lá em São Paulo,tem no Brasil. o maior número de japoneses.

  12. Ivone Aparecida Vincenzi @ 26 Jun, 2009 : 08:08
    Sou descendente de português por parte de mãe e italiano por parte de pai. Como seus avós os meus também vieram para trabalhar nas lavouras. Tive a oportunidade de conhecer mais sobre a cultura japonesa por meu municipio, Arujá, ter incluido durante as festividades de comemoração do centenário, este tema para o desfile cívico. Os alunos da rede municipal aprenderam muito sobre a vida e costumes desta cultura tão bonita. Parabéns pelo seu trabalho e dedicação são pessoas como você dedicadas que nossa educação necessita. Através de seu perfil consegui relembrar muitos fatos de nossa infância. Um grande abraço!

  13. Tieko Fujiye @ 29 Jun, 2009 : 05:32
    Ivone, a impressão que dá quando relembramos da nossa infância e parte da adolescência na EE Prof. Caetano Miele é que o tempo não passou, ou seja, a relação de amizade criada naquela época ultrapassou o tempo e a distância. Obrigada pelo comentário e acredito que pela formação que recebemos da escola pública e de nossos pais, certamente, você também é uma profissional dedicada e seu alunos têm muito que aprender com você que foi pesquisar e me achou neste site. Um grande abraço!

  14. Marcia Hatimondi @ 18 Mar, 2010 : 17:17
    Olá Tieko........sempre achei dificil encontrar alguem com o mesmo sobrenome que o meu..........e vi que vc mencionou Hatimondi entre seus familiares......mesmo aqui no Japão onde vivo há anos eles acham estranho e as vezes dizem que é mesurashi rsrsrsr enfim...se vc puder me informar algo sobre esse sobrenome ficarei muito feliz....abraços

  15. Marcia Hatimondi @ 18 Mar, 2010 : 17:18
    ops..... meu e-mail marcia_hsa@hotmail.com

  16. ivani @ 12 Ago, 2010 : 18:12
    ola tieko parabens pelo trabalho que voce faz na escola anna pontes que Deus te abençoe beijos...

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