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Lúcia Shibata

São Paulo
51 anos, tradutora

Estranheza de uma nikkei no Japão


Meu pai nasceu em Tóquio e se mudou para o Brasil assim que se formou em arquitetura, pois queria construir prédios novos, enquanto o mercado no Japão era mais favorável às reformas. Nem meus avós nem seus irmãos fizeram qualquer objeção, queriam que ele se realizasse, mesmo sentindo que nunca mais o veriam – o que, felizmente, acabou não acontecendo. Minha mãe, filha de japoneses, nasceu aqui. Então a minha família era dividida geograficamente, a parte da minha mãe vivia aqui; a do meu pai, no Japão.

Na primeira vez que fui ao Japão fiquei impressionada com a quantidade de japoneses na rua. Isso pode soar óbvio e estranho, mas os olhos daqueles que vivem no Brasil, mesmo os puxados, não estão acostumados a ver tantos japoneses juntos. É diferente de viajar à Europa ou aos EUA e ver nas ruas pessoas que têm traços semelhantes aos dos brasileiros, a ponto de ficava super contente quando via cabelos castanhos ou louros no meio da multidão, porque isso me lembrava de casa. Outra característica marcante foi a receptividade. Meus avós vinham frequentemente ao Brasil nos visitar e, além deles, conhecia somente alguns poucos parentes que haviam nos visitado quando ainda engatinhava. Foi incrível conhecer os irmãos do meu pai e constatar como seus jeitos eram parecidos.

Não sei bem o que esperava do Japão, mas o que não imaginava é que iria aprender de fato a andar de bicicleta com meu avô – detalhe: ele com 80 anos; eu, 18. Muito menos que o carteiro entrava em casa para entregar encomendas, então logo aprendi que não podia ficar de pijama até mais tarde nem ficar esparramada no sofá da sala. Não imaginava também que minha avó servia chá para verdureira e só depois de tomarem baterem um papo é que ela trazia do carro o pedido. E demorei para me acostumar com o fato da minha avó comprar leite lá pelas dez da noite numa loja de conveniências dos arredores. Nem que meu avô tinha mania de trazer quase todos os dias o mesmo doce para casa.

São tantas as memórias que pensei que seria muito triste ir ao Japão depois que faleceram. Felizmente isso não aconteceu, senti um calor no coração em cada canto da casa, do bairro, ao passar na loja de doces, enfim, em todos os lugares em que estivemos juntos. Um calor que só sinto em casa.


Enviada em: 11/10/2007 | Última modificação: 08/10/2007
 

 

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