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Helio Takai

Shoreham / New York - Estados Unidos
65 anos, Físico Nuclear

Um caipira na cidade grande.


Em Maringá, PR onde passei a minha adolescência a torre da igreja era motivo para orgulho e também de muitas estórias. A torre era tão alta que a cidade vizinha de Marialva sempre reclamava da sombra que ela fazia sobre a mesma. A torre também era tão alta que um furo foi feita nela para que a lua pudesse passar por ela toda a noite. A torre da igreja de fato existe e é bastante alta. A igreja é na realidade a Catedral da cidade e é uma estrutura com 124 metros de altura, o resto é estória de pescador.

Maringá foi onde passei a minha juventude até terminar o meu científico, hoje o ensino médio. Tenho boas memórias da cidade, onde a população de descendentes japoneses era e acredito que ainda seja muito grande. Tenho muitas memórias da cidade e em especial a turma do Colégio Estadual Dr. Gastão Vidigal. Maringá era uma cidade muito agradável e foi o pano de fundo ideal para quem estava crescendo e estudando.

Existe um mito que os japoneses no Brasil são muito estudiosos. Bom, esse era o caso da nossa turma de escola. A minha classe tinha muitos nisseis. Existia um canto da sala que era predominantemente de descendência japonesa, que eu o chamava de embaixada japonesa. Só na minha classe acho que tinhamos quatro Jorges e tres Mários, todos de origem japonesa. A escola tinha professores excelentes e que de certa forma contribuiu para a minha decisão de seguir uma carreira científica. Em particular o professor de matemática era ao mesmo tempo rigoroso e incentivava os estudantes a seguirem carreiras em ciência e tecnologia. Mito ou não me lembro que nós estudávamos bastante, e a nossa meta era o de ingressar nas melhores escolas possíveis. Sonhavamos com a USP, Getúlio Vargas, o ITA, ESALQ, e muitas outras. No fim muitos fomos cursar universidades em São Paulo. Caipiras em terra de gente grande.

Lendo o depoimento de muitos outros neste site, consigo entender a grande motivação de vencer na vida. O imigrantes que vieram ao Brasil tiveram grandes dificuldades. Tiveram uma vida muito difícil e muitos não foram capazes de sobreviver. Passaram grandes dificuldades e não quiseram que os descendentes tivessem o mesmo destino. A educação foi a grande saída para muitos nisseis que enfrentaram o desafio e se tornaram profissionais em várias áreas na sociedade brasileira, e também fora do país.


Enviada em: 31/03/2008 | Última modificação: 31/03/2008
 
« Imigrantes mas em terras diferentes

 

Comentários

  1. Mauro Kyotoku @ 1 Abr, 2008 : 06:09
    Gostaria que você contasse, de como você aprendeu a função gaussiana ou distribuição gaussiana, ou ainda, distribuição normal, em Maringá. Imagino ser interessante informar com este exemplo, como era bom, o nível de alguns professores das escolas públicas no interior do Paraná há algum tempo atrás. Para quem não se lembra a função gaussiana é também chamada de curva do sino, porque em determinadas condições ela lembra o sino que badalava na torre da igreja de Maringá.

  2. Helio Takai @ 1 Abr, 2008 : 23:48
    Caro Mauro. Sem dúvida o ensino público em Maringá era excelente. Na época que lá estudamos pensávamos que era um colégio do interior e que a nossa educação não era das melhores. Me lembro que discutia muito com os meus colegas o fato de que em São Paulo se aprendia muito mais. Em retrospectiva, creio que o que aprendi mais no colégio estadual do que em escolas consideradas as melhores em São Paulo. Aprendi a montar circuitos, fazer medidas, etc... e por mais estranho que pareça, eu aprendí estatística no meu curso de biologia e não no de matemática. Cada um de nós tinhamos 10 feijões (acho) e cada dia em casa tinhamos que regar com um conta gotas, e anotar quanto tempo levava para cada grão brotar. Após algum tempo na aula de biologia a professora coletou todos os dados e lá em frente de nós vimos uma distribuição gaussiana cuja média era o tempo médio para o feijão brotar. Para mim foi uma experiência inequecível e aprendi que não é necessário um arranjo caro para aprender algo realmente fundamental em ciências.

  3. Elisa K. @ 17 Abr, 2008 : 02:20
    A propósito de nikkeis de outras regiões do mundo, lembrei-me da curiosa conclusão a que cheguei, durante a Convenção Internacional de Nikkeis das Américas, ocorrido em São Paulo há mais de 20 anos. Houve, naquela ocasião, uma grande participação de nikkeis canadenses, havaianos, mexicanos, passando por outros, provenientes de vários países da América Latina até Argentina. Ainda que todos tivessem a mesma origem nikkei, era curioso notar que os traços fisionômicos e o próprio comportamento os distinguiam perfeitamente entre um nikkei americano, por exemplo, do outro, peruano ou brasileiro. Arrisquei várias hipóteses para compreender essa clara distinção(a influência da comida, clima, hábitos, contextos sociais e sua evolução histórica, etc) e concluí que os comportamentos se moldam muito mais de acordo com os pensamentos e valores sociais locais que outros elementos físico-materiais externos. Entre a formação católica latina e protestante anglo-saxônica, pode-se fazer a leitura dos códigos de acesso à essa individualidade até mesmo no olhar e nos gestos de cada um dos povos. Daí, é fácil compreender como cada comunidade se evoluiu nos seus contextos. Sobre um tratado do assunto, me parece que já haviam muitas publicações de sociólogos e antropólogos (sobretudo norte-americanos, canadenses e brasileiros) abordando o tema. Abraços, Elisa.

  4. Sílvio Sano @ 17 Abr, 2008 : 17:05
    Prezado Hélio, o seu depoimento da infância de tão rememorável e afim, pela forma como o desenvolveu, remeteu-me à música de Ataulfo Alves (Meus tempos de criança), mas o que me tocou mesmo foi o Imigrantes em Terras Diferentes em que por mais que meios sejam diferentes o "sangue" continua norteando certas posturas. E isso é interessante porque a identificação não se dá apenas pelo semblante. E o Brasil, país de boa receptividade a estrangeiros pode colher bons frutos "lá na frente"... com discernimento. Um grande abraço.

  5. Solange @ 11 Jul, 2008 : 20:17
    Caro Helio, a forma como relata a sua infancia em Assaí me faz gostar mais ainda minha cidade. Nasci nesta cidade, estudei engenharia civil em Londrina e à casa retorno depois de 10 anos de ausencia. A cidade cresceu um pouco, bem pouquinho, mas ainda provinciana. O fenomeno dekassegui fez com que vários de nossos "patricios" abandonassem a cidade. Restam aqui algumas batchanzinhas e ditchanzinhos que ano a ano se vão. O campo de beisebol ainda existe, raras as vezes que se joga o softbal e o campeonato de atletismo, o Rikudyo, lembra-se? Caso queira fotos recentes de nossa cidade, posso encaminha-lo, para matar a sua curiosidade. Mas se quiser fotos bem mais antigas veja o site do Grupo Parlamentar Brasil-Japao: http://www.gpbrasiljapao.com.br/index.php?option=com_easygallery&act=categories&cid=15&Itemid=68 . Abraços fortes saudosistas de sua terra do sol nascente

  6. Helio Takai @ 13 Jul, 2008 : 15:27
    Cara Solange, obrigado pelo site. Gostei muito de ver fotos de Assaí. Gostaria muito de receber fotos recentes da cidade. Já faz muito tempo que estou ensaiando em ir visitar a cidade, mas por uma razão ou outra nunca tem sido possível. É incrivel que o estádio de beisebol ainda exista. Nós morávamos muito perto do estádio e visitava com frequência. Aliás acho que tudo é muito perto em Assaí, não é? Abraços.

  7. solange @ 4 Set, 2008 : 00:01
    Ola Helio!! para que possa mandar fotos recentes manda-me seu email para postagem ok? até logo!

  8. Helio Takai @ 4 Set, 2008 : 09:41
    Solange, o meu email é helio.takai -arroba- gmail.com

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