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  Conte sua históriaKelly Tiemi Nagaoka › Minha história

Kelly Tiemi Nagaoka

São Paulo / SP
45 anos, Jornalista e mesa-tenista

Minha avó que não falava português


Do lado paterno, sinceramente, tive pouco contato com a batian (avó) Oshie, de Kumamoto, e ditchan (avô) Shikao de Okayama. Morei com eles quando criança até os seis anos. Minha batian, apesar de ter chegado jovem ao Brasil, na casa dos 20 anos, até os 96 anos não aprendeu português.

Acredito que tive poucas oportunidades de conversar com minha avó, pois geralmente nos encontrávamos em festas ou em almoços de domingo. Talvez por um misto de timidez e saber pouco japonês não tinha condições de chegar perto dela para conversar. Algumas vezes, ela tentava falar comigo, alguém traduzia e era muito breve.

Até que um dia fui à casa dela com minha mãe e ela estava sozinha assistindo a um programa japonês na TV. Sentei ao lado dela e minutos depois ela desligou a TV. Pensei: "Este é o momento para tentar conversar com ela". Fiz perguntas com meu japonês básico, como em que ano chegou ao Brasil, em qual navio, em qual cidade nasceu, entre outras coisas. Aí ela resolveu sair do roteiro e falar mais, e já não entendi mais nada. Apesar de ter sido um momento muito breve, posso dizer que foi um dos dias mais marcantes de minha vida. Parece que o tempo havia parado para nós duas. Lembro como se fosse ontem. Minha avó, pequenininha, sempre arrumada, aqueles cabelos brancos curtos, elegante, com aquele sorriso e semblante doces, me olhando com ternura e brilho no olhar. Sei que ficou muito feliz e surpresa por minha atitude simples.

Ela faleceu pouco depois daquela conversa rápida. Somente no velório dela descobri algumas curiosidades dela. Ao lado do caixão, chorei ao ver aquela figura que conheci pouco ao longo dos meus 20 e poucos anos de vida.


Enviada em: 17/02/2008 | Última modificação: 18/02/2008
 
Admiração pela mineira Marico »

 

Comentários

  1. cirosaito@uol.com.br @ 20 Fev, 2008 : 08:41
    Kelly, Parabéns pelo seu depoimento neste grande mural. Vc representa muito bem os mesatenistas e esportistas em geral. Eu acompanho mais de perto o seu colega de esporte Diogo Kosaka e sei quanto suor é necessário para forjar um atleta de ponta. Com toda sua garra e perseverança vc será uma destacada profissional do jornalismo.

  2. Sílvio Sano @ 11 Mar, 2008 : 16:06
    Uau, querida Kelly! Que surpresa agradável, apesar de, com isso, acabar revelando o meu pouco conhecimento em relação a esse esporte ainda pouco difundido no Brasil. E olhe que já brinquei muito com esse esporte, quando adolescente, e sempre fui de acompanhar todos os tipos de esportes... inclusive xadrez que, este, nem jogar sei. E recordo-me de Biriba, Sérgio Kano, etc., já fiz uma charge de Hugo Hoyama e conheço bem os pais de Hugo Hanashiro. Mas fiquei muito feliz ao ler sua história, bem como entender essa sua "raça" que pude constatar certo dia, em um evento. Com certeza, vem lá da batian Marico e até da batian Oshie, por ter percebido que perdera uma grande chance de ter aprendido mais. Ou seja, que as oportunidades devam ser buscadas e plenamente aproveitadas quando surgidas. Parabéns, Kelly. Tenho certeza de que suas conquistas no jornalismo também serão tão gratificantes quanto foram no tênis de mesa. E tomara que isso aconteça mesmo... também para o bem de nós, leitores. Bj.

  3. Julio Miyazawa @ 17 Mar, 2008 : 20:35
    Nossa, Kelly... Te conheço mais como jornalista. Para mim foi muito bacana saber essa parte da tua vida. É uma verdadeira saga! Espero que você tenha relatado em algum lugar, no papel, no computador, detalhe por detalhe tudo o que viveu nesse periodo que você relatou. É importante anotar tudo. Sem mais, receba o meu abraço.

  4. Eric Akita @ 19 Mar, 2008 : 14:50
    Em meio à correria na cobertura dos Jogos Pan-americanos no Rio tive o prazer de conhecer a incansável jornalista Kelly Nagaoka. Depois, durante os contatos profissionais, tive a grata surpresa de conhecer um outro lado da Kelly, o da mesatenista: rico de experiências e, tenho certeza, alegrias. Kelly, parabéns pelos depoimentos aqui no site do Centenário e por seu excelente trabalho no Nippo-Brasil. Espero que esbarremos nesses eventos do Centenário... um beijo!

  5. Patrícia Yokoo @ 20 Mar, 2008 : 13:22
    Oii Kelly!! q orgulho hein! nossa, fiquei impressionada de conhecer um pouco + sua historia! PARABENS KELLY!! te admiro mto hein! saudades um grande bjo

  6. Vera Nishitani @ 20 Mar, 2008 : 17:01
    Oi Minha linda,Parabéns! Não conhecia este seu lado desportista e competitivo só mesmo o jornalismo(diga-se ainda,excelente profissional). E que garra em cima das venezuelanas hein!?, Fiquei surpresa,impressionada e bastante orgulhosa. Bjs

  7. Cristina Akiko @ 21 Mar, 2008 : 04:28
    Kelly! Parabens nao so por todas conquistas relatadas, mas tambem pela sua iniciativa em expor fatos que fazem parte da usa historia pessoal e do esporte que tanto gostamos - o tenis de mesa! Que venham muitas outras vitorias!!! Super beijo

  8. Diana K O Tajima @ 26 Mar, 2008 : 20:57
    Oi, Kelly! Ou Ti, como a chamo desde os primeiros anos de vida! Parabéns pela linda reportagem e por todas suas conquistas! Mulher de garra que sempre admirei desde criança! Fico contente por ter partilhado comigo alguns dos momentos mais difíceis (como sua estada aqui no Japão e na China)e também dos mais importantes (como o seu casamento)de sua vida!!! É um motivo de muito orgulho se sua amiga!!! Um beijão

  9. Valquiria Yoshizawa (kiki) @ 2 Abr, 2008 : 09:31
    Oi, Tiii Parabéns, prima!! Parabéns pelas conquistas! Reconhecimento e sucesso são apenas frutos de muito esforço, dedicação e amor. Fiquei muito contente em saber um pouco mais de você, da sua caminhada. Parabéns pelo exemplo de mesa-tenista e jornalista! um grande beijo!

  10. Issao Minami @ 7 Ago, 2008 : 19:17
    Kelly san que legal a sua tacada e a sua defesa. Muito me envaidesce agora. Parabéns Issao minami labim@usp.br

  11. Hélio Shimada @ 4 Set, 2008 : 13:02
    Oi Kelly, Parabéns pelas suas conquistas esportivas e pela sua história. Uma sugestão para a Kelly jornalista: uma matéria sobre a aguda falta de enfermeiros e médicos no Japão. Estão importando profissionais da Indonésia. Pode ser uma oportunidade para nisseis e sanseis. Beijo

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