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Hiroyuki Hino

São Paulo
77 anos, Professor

Na fazenda do meu ojiitchan (avô)


Estivemos por aproximadamente uma semana numa pensão em Santos, a fim de regularizar uma máquina de extração de óleos vegetais junto à alfândega. Como o processo de regularização ia demorar alguns meses, “ojiitchan” achou melhor seguirmos para sua casa, no município de Junqueirópolis, onde tinha uma fazenda de café.

Viajamos até São Paulo de trem, subindo a Serra do Mar, puxado por outro trem. De São Paulo, outra longa viagem de trem (2ª classe) até Marília, onde embarcamos no caminhão, rumo à sua casa.

Na casa, minha “obaatchan” (avó) e meus tios nos aguardavam com ansiedade, pois era o primeiro reencontro de minha mãe com minha “obaachan”, após 29 anos de separação. Fiquei surpreso com tantos parentes no Brasil: três tios e quatro tias, além de tios-avôs e muitos primos. A conversa entre meus pais e parentes se prolongou até altas horas da noite.

Na manhã seguinte, fomos conduzidos até o nosso novo lar que ficava a aproximadamente 200 metros da casa do “ojiitchan”. Era uma pequena casa de tábua, equipada com uma cozinha com fogão a lenha, uma sala e apenas um quarto; a água era coletada num poço que tinha mais de 30 metros de profundidade. Não havia luz elétrica. O tio Terashi forneceu-nos algumas lamparinas a querosene e me ensinou como construí-las utilizando latas de óleo comestível, vazias. “Obaatchan” e tias ensinaram minha mãe a preparar comidas brasileiras. Lembro-me que “ojiitchan” gostava de cachaça. Quando ele bebia, rapidamente se embriagava e nos chamava para um interminável sermão.

No início, estranhei muito a comida brasileira, principalmente a mistura de arroz gorduroso e feijão com forte cheiro de alho e gordura de porco. Quanto às frutas, eu as adorava! Especialmente a banana (fruta muito cara no Japão) e o abacaxi. Durante muito tempo não consegui comer manga nem mamão, devido ao forte e desagradável odor, para mim, na época.


Enviada em: 29/11/2007 | Última modificação: 30/11/2007
 
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Comentários

  1. maria salles @ 30 Nov, 2007 : 03:36
    Hiro, que show! Ficou perfeito. É voce falando. Lendo o texto parece que a gente está vendo um filme. Parabéns. E os próximos capítulos? Tem que chegar até o VIVA JAPÃO...

  2. Aidê Magalhães Benfatti @ 30 Nov, 2007 : 16:26
    Hiro, Fiquei emocionada! E aproveito esta emoção para dizer-lhe que seu texto vale um livro! ... e disso eu entendo! Você é dez: como colega de trabalho e ...escritor! Abraços, Aidê

  3. Eiji @ 1 Dez, 2007 : 06:11
    Tio Hiroyuki, fiquei muito emocionado em ler a história que também é de minha mãe. Hoje, aqui em Fukuoka, terra natal do Tio e de minha mãe, visitei os lugares onde passou a infância. Confesso que também senti um pouco de minha casa aqui. O Rio Tikugogawa está bonito e limpo. Ainda se pesca por aqui. Haki machi, onde o tio morou, ainda está cheia de Caquis vermelhos e doces! A casa está da mesma forma de quando partiu ao Brasil. A família o linguajar ainda é a mesma. Fiquei muito emocionado em encontrar minhas origens e vou fazer de tudo para preservar isso. Aqui em Fukuoka, abrirei novas portas para que a geração seguinte mantenha este laço familiar onde se preserva o verdadeiro Japão. Obrigado Tio! abços e saudades de todos! de seu Sobrinho Eiji

  4. Sílvio Sano @ 2 Dez, 2007 : 14:17
    O prof. Hiro, como é chamado, apesar de ter vindo ao Brasil no pós-guerra, teve vida de autêntico imigrante japonês no país, passando pelas conhecidas etapas “padrões”: navio, trem para São Paulo, trem para fazenda, trabalho duro da terra, caminhadas quilométricas para freqüentar a escola e saída para a “cidade grande” (São Paulo)... “para vencer”. Tendo vindo aos 10 anos e com capacidade de discernimento, até, um tanto precoce, seu relato mostra bem o quanto era atento às novidades e como foi superando as adversidades. Hoje, completa meio século de Brasil, com formação 100% em escolas públicas (inclusive a universitária) e vida profissional, idem, em instituições públicas, e prestes a se aposentar. Ou seja, Hiro-san, como também é chamado, e com sua dedicação ímpar ao Brasil, é exemplo de imigrante que retribui à terra que o acolheu.

  5. Suely Ramos @ 28 Dez, 2007 : 12:51
    Hiro, esta viagem que você faz no tempo é um presente para nós que o conhecemos. Sua história não é muito diferente dos vários imigrantes que para cá vieram, mas nos emociona e é um exemplo de como superar as diversidades. É uma alegria trabalhar com você. Vamos aguardar o livro.Felicidades!

  6. Alex @ 25 Fev, 2008 : 14:57
    Sua narração bate fundo no coração da gente, parece que viajamos no tempo e estávamos lá, vendo tudo em primeira pessoa. Pensar que a sua é só "mais uma" de milhares de outras dá um perto ainda maior no peito. Espero sinceramente que a viagem tenha valido a pena, obrigado por compartilhar seus sentimentos conosco.

  7. Claudio Sampei @ 26 Fev, 2008 : 02:28
    Professor, não conhecia a sua história: imaginei que o senhor fosse já descendente. Sucesso ao Viva Japão!

  8. Renato Yassuda @ 7 Abr, 2008 : 16:37
    Prezado Hino-san; Parabéns por seu depoimento e por compartilhar conosco. Seus relatos são maravilhosos e transmitem a quem os lê uma paz e sinceridade nos fatos que torna a leitura um prazer. Meu avô é de Kagoshima e minha avó de Fukuoka. A família de meu avô é YASUDA e de minha avó ONO. Infelizmente não tenho contato com os familiares de minha avó, em Fukuoka. Da família de meu avô, em Kagoshima e em outras partes do Japão ainda temos contato (este mês uma prima de meu pai veio para nos visitar).Acho fascinante o ponto de vista de pessoas como o senhor, que passaram por todo um processo de imigração relativamente recente e portanto podem fazer um relato bastante atual de suas impressões particulares. Parabéns também pelas bonitas fotos familiares e pela bela família aqui no Brasil. Também tenho três filhos e sei do desafio da ter uma família nos dias atuais. Tenho também um relato neste site e ficarei muito honrado se o senhor puder ler o mesmo. Atenciosamente; Renato.

  9. Eunice Marico Hino Soda @ 19 Mai, 2008 : 23:24
    Olá,apesar de termos sobrenomes iguais creio não sermos parentes,meu pai veio de Shimane-ken juntamente com seus irmãos Tojiro e Kissaburo em 1932.Infelizmente meu pai veio a falecer aos 94 anos de idade há 1 ano e 9 meses.Ele ficaria muito feliz com a festa do Imin se estivesse ainda conosco.Gostaria muito de fazer a arvore genealogica da familia por isto estou aqui neste site e li a sua historia e me emocionei e resolvi deixar aqui o meu comentario,um grande abraço,Eunice Marico Hino Soda.

  10. Patricia Sayuri Iqueda @ 22 Mai, 2008 : 09:56
    Olá! Aqui é a Sayuri, filha do Nelson e da Tazuko, sua prima. Td bem, Hiroyuki? Estava sem fazer nada, navegando na web, e não sei por quê, resolvi checar se conseguiria alguma informação sobre minha árvore genealógica no google. Fui digitando todos os sobrenomes dos meus avós... Bom, no final, acabei até me esquecendo da árvore, porque achei este site e comecei a ler seus relatos, e não consegui mais parar! Está tão bem escrito, tão emocionante, simples e sincero que nos leva a (re)viver sua história. Quer dizer, nossa história. É estranho, pois veja só: eu nasci muitos anos depois, num mundo com um Brasil e um Japão absolutamente diferentes dos daquela época; onde já nem se pode mais falar em "comunidade japonesa no Brasil", uma vez que estamos tão incorporados, integrados ao Brasil e vice-versa.Mesmo assim, sua história tocou fundo, como se ela já fizesse parte de mim... Pela primeira vez na vida, senti, sinceramente, que essa história (a da imigração japonesa para cá) também é minha. E independentemente dos resultados; se foi certo ou errado, bom ou ruim; devo confessar que senti certo orgulho de minha/nossa história! Resolvi, então, te deixar esta mensagem para dizer, em primeiro lugar: muito obrigada!(e parabéns, é claro!) Espero que escreva muitos outros capítulos (deveria fazer um livro!). Aqui em casa estaremos todos esperando ansiosamente! (imprimi para meus pais, e eles adoraram! Eu e minha mãe chegamos às lágrimas! Rs!) Abraços, Sayuri.

  11. Márcio Honna @ 20 Jun, 2008 : 08:22
    Olá Hino-san... Fiquei bastante emocionado com essa belííííííssima história, a minha família descende de Hino também. Sei que HINO é um sobrenome bastante comum no Japão, mas posso considerar um parente de coração... Um grande abraço, e Banzai Brasil!!!

  12. Tieko Fujiye @ 20 Jun, 2008 : 09:16
    Prof. Hiroyuki, foi emocionante o seu relato no Lançamento do livro Resistência & Integração: 100 anos de Imigração Japonesa do Brasil do IBGE,realizado no Anhembi, sobre o Programa Viva Japão e a história da sua vinda ao Brasil, a equipe escolar da EE Profª Anna Pontes de Toledo Natali se sente honrada em poder participar deste programa sob a sua Coordenação Geral!! Parabéns!

  13. Toshiyuki Oe @ 1 Jul, 2008 : 00:37
    I am a friend of hiroyuki in primary school. I live now near the Chikugo river in japan. I am verry grad see his name and his photo.

  14. Toshiyuki oe @ 1 Jul, 2008 : 08:38
    Eu sou um amigo da escola primária de Hiroyuki. Eu moro perto de Rio de Chikugo no Japão. Eu estou alegre de achar o nome dele e fotografia. Ele era sábio de quando jovem. Também está alegre de estar bem para fazer um papel ativo. Eu estou rezando para futuro a saúde dele e sucesso. Algum dia, possa se encontre!

  15. Eduardo Mattos @ 7 Jul, 2008 : 15:52
    Parabéns prof. Hiro,seu depoimento aqui em Santos no dia da apresentação de Taiko foi muito marcante e emocionante,pois disciplina é fundamental para o desenvolvimento e crescimento de um povo !

  16. Caroline Sayuri Terashi @ 30 Set, 2008 : 11:09
    Olá Sr. Hiroyuki Nessa história você cita a família Terashi dá qual faço parte. Com certeza você deve ter citado meu avô que se chamava Morikazu Terashi. Acredito que tenha sido meu avô que te ensinou com as lamparinas. Me emociona muito saber de sua história; afinal faz parte da história de minha família tambem...

  17. ARLETE @ 4 Out, 2008 : 01:20
    Tieko, parabéns pelo trabalho realizado com os professores e alunos da E.E.Prof. Anna Pontes de Toledo Natali.Com apresentações da cultura japonesa através da participação dos alunos.

  18. Arlete @ 5 Out, 2008 : 02:38
    Professora Fatima Regina, da E.E. Prof. Anna Pontes de Toledo Natali, Parabéns pelo trabalho desenvolvido com os alunos da 4ºsérie E,de consciêntização da cultura e costumes do Japão, envolvendo todos alunos na confecção dos Mil Tsurus em busca de construir a paz no mundo que é nosso.

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