Reportagens › O barro e a sabedoria zen
Casa Cláudia, 1/06/2000DA REDAÇÃO
Luis Gomes
Ver o artista trabalhando no torno é um espetáculo à parte. Ao menor toque dos seus dedos, a argila responde tomando formas diversas.
A qualquer hora do dia e sem maiores cerimônias, já que são velhos conhecidos, o artesão Shugo Izumi tira a argila do tanque e imediatamente inicia um diálogo sem palavras com o material. Esse é um momento especial para ele. Um instante de meditação, em que homem e matéria-prima interagem à perfeição. O barro no tomo parece uma extensão de suas mãos, respondendo com formas diversas ao menor toque. “Vejo meu trabalho como uma gostosa brincadeira. É também uma forma de ligação com as outras pessoas e uma busca de contato com a natureza", conta o artista. Imigrante da cidade de Saga, no Japão, Shugo descobriu a cerâmica no Brasil, para onde veio na década de 70. Inicialmente, trabalhou como agrônomo até ser impedido de continuar na profissão, depois de intoxicar-se com produtos químicos. A terra continuou sendo seu objeto de trabalho, agora com um novo significado: a busca da sabedoria zen-budista. O resultado de sua arte pode ser apreciado em potes gigantes, alguns trazendo inscrições em japonês, verdadeiras lições da filosofia oriental.
Os japoneses chegaram aqui há um século. Desde junho de 1908, muita coisa aconteceu. Ajude a resgatar essa memória.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil