Reportagens › Herança oriental
Simone Ota
Uma arte marcial, uma massagem, um banho de imersão. Rituais que o Japão nos ensina para cuidar da saúde do corpo e da mente. Escolha o seu preferido ou tente logo os três.
O EQUILÍBRIO DO JUDÔ
“A arte de usar ao máximo a força física e espiritual.” Assim Jigoro Kano definiu o judô, esporte criado por ele em 1882, em Tóquio, e que chegou ao Brasil 40 anos depois, trazido pelos imigrantes japoneses. “A modalidade aumenta a autoconfiança, especialmente nas mulheres, pois desenvolve a agilidade, a tonicidade, a força e a resistência”, garante Mario Tsutsui, técnico da seleção brasileira feminina de juniores. Ele explica que o judô é um esporte sem chutes nem socos que tem como objetivo derrubar o adversário. “Os movimentos feitos em pé e no solo fortalecem os braços, o tronco, o abdome e as pernas”, diz.
A evolução no judô é demonstrada pela cor da faixa usada para amarrar o quimono. São oito cores: branca, azul, amarela, laranja, verde, roxa, marrom e preta, a mais poderosa. “Para merecer a faixa preta são necessários no mínimo 15 anos de treino”, afirma. O esporte conquistou o Brasil: aqui há 2,5 milhões de praticantes de judô.
A TRANQUILIDADE DO OFURÔ
O costume de banhar-se em águas quentes surgiu no Japão, em fontes naturais vulcânicas, há cerca de 3 mil anos. A partir do século 17, o ritual, que envolvia banhos de imersão com familiares e amigos, foi transferido para tinas redondas de madeira, que receberam o nome de ofurô. Mas foi só por volta de 1950 que o banho passou a ser feito individualmente e ganhou ares de tratamento de saúde e beleza.
“Dependendo do problema, os japoneses acrescentavam à água quente (entre 36 e 40 ºC) ervas, para aliviar tensões, e até mesmo saquê, para hidratar a pele e remover impurezas”, conta Soon Hee Han, presidente da Associação Brasileira de Clínicas e Spas. Como o ritual já fazia parte da rotina, os imigrantes trouxeram na bagagem a tina de madeira – mais estreita e alta do que a banheira ocidental. “Graças à capacidade de manter o líquido aquecido, o ofurô ajuda a relaxar profundamente. Além disso, dilata os poros e os vasos sanguíneos, facilitando a eliminação de toxinas e estimulando a circulação”, conclui Soon Hee Han.
A ENERGIA DO SHIATSU
Há séculos que os japoneses recorrem aos benefícios dessa massagem, que usa a pressão (atsu) dos dedos (shi) para aliviar tensões e dores de cabeça. Segundo o terapeuta Kioshi Kikuti, do Rio de Janeiro, a técnica chegou aqui com os imigrantes japoneses, que aplicavam a massagem entre si para amenizar as dores causadas pelo trabalho na lavoura.
Nesses 100 anos, o shiatsu sofreu algumas adaptações: “No Japão, a pressão dos dedos é maior e mais pontual; aqui é comum associar técnicas de alongamento e relaxamento na mesma sessão”, diz Carla Godinho, professora de terapias corporais do Senac de Fortaleza. Para ter certeza de que a massagem foi bem-feita, Kioshi ensina: “A primeira sensação é de dor, seguida por um enorme conforto. Desconfie se sentir
apenas uma coisa ou outra”.
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Os japoneses chegaram aqui há um século. Desde junho de 1908, muita coisa aconteceu. Ajude a resgatar essa memória.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil