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Janela Dekassegui

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1 Nov, 2007

Eternamente temporários?

Arquivo pessoal/Cedida

O personagem: Sandro Luís do Espírito Santo, 27, há menos de um ano no Japão. Sonha ter uma família feliz

 

Adoro ir para Minokamo, na província de Gifu. Além de dar a impressão de que fui ao Brasil – esbarra-se com brasileiros em qualquer canto da cidade – minha família mora lá já faz tempo e nada melhor do que a comida da mamãe, né?

Toda vez que vou para a região, aproveito para conversar com meus conterrâneos. Sandro foi um brasileiro que conheci nessas andanças. O que ele tem de especial? O jovem foge um pouco dos “padrões” comuns aos dekasseguis. Para começar, não é descendente de japoneses – é negro e casado com uma nissei mestiça, a Kátia –, se interessa demais pela cultura e língua local – inclusive sabe ler e escrever o básico e já se matriculou numa escola para aprender mais – e não tem prazo para ir embora de vez ao Brasil.

Aqui no Japão, encontrei pouquíssimos como Sandro. Em comum, ele e (talvez) todos os dekasseguis têm os sonhos. Pretende juntar dinheiro e comprar o que quiser. Quando completou quatro meses de Japão, o jovem já tinha tirado carta de habilitação, comprado um automóvel, mobiliado a casa e adquirido o passatempo predileto, um Playstation3. Mas ele não está satisfeito ainda. “Quero agora um carro melhor e mais luxuoso”, sonha.

Pela primeira vez no arquipélago, o brasileiro encara a dura rotina de uma fábrica de componentes eletrônicos. “Diziam que o trabalho era horrível e que eu não iria me adaptar, mas foi tudo ao contrário”, comemora.

Sandro é, na verdade, apenas mais um entre os cerca de 300 mil brasileiros que escolheram o Japão para alavancar os sonhos. Os primeiros trabalhadores chegaram por aqui no fim dos anos 80 e tinham como objetivo juntar uma boa poupança rapidinho para, no máximo em três anos, voltar ao Brasil.

Passados quase 20 anos, o cenário não mudou muito. A maioria ainda quer voltar ao Brasil, e se possível rápido e com um bom pé de meia. Sandro é uma exceção.

 

Os números -- para quem quer saber como foi a evolução da entrada de brasileiros no Japão, seguem alguns dados.

 

Brasileiros no Japão
Ano        nº de brasileiros
1985      1.955
1986      2.135
1988      4.159
1989    14.528
1990    56.429
1991    119.333
1997    233.254
1998    222.217
1999    224.299
2003    274.700
2004    286.577
2005    302.080
 
Fonte: Ministério da Justiça do Japão

Obs: De acordo com o departamento de controle de imigração do Ministério da Justiça do Japão, ao número total de brasileiros devem ser somadas 26 mil pessoas com dupla nacionalidade.

 

 

Postado por Ewerthon Tobace | 17 comentários

Comentários

  1. RMax @ 1 Nov, 2007 : 07:43
    Parabéns pelo novo blog, Ewerthon. Eu sinto que nós não descendentes temos muito mais interesse pela cultura japonesa do que os descendentes. Claro que isso tem a ver com muitas coisas, com a forma como o brasileiro não-descendente excluí (de levinho, claro) os descendentes de japoneses ao reafirmar sua diferença física daquilo que é "brasileiro". Já pensou como é para um nikkei estudar que o povo brasileiro é formado pelo branco, negro e o índio na escola? Quanta gente pensa o mal que isso causa à identidade da criança? Não digo que o nikkei não se interessa pelo Japão aqui. Seria uma falácia. Porém, sinto que há mais rejeição do que é japonês por parte deles do que de nós não nikkeis. Aliás, o pesquisador Tsuda que tem um livro chamado Strangers In The Ethnic Homeland discute isso por um outro ponto-de-vista. Na pesquisa etnográfica dele, ele constatou que os nikkeis se sentem mais discriminados que os dekasseguis não-nikkeis. Enfim, isso é um tema prum post, não? No mais, começou com o pé direito. Para o alto e avante II!

  2. tião @ 1 Nov, 2007 : 10:59
    Nossa Rmax, falou falou falou, e não falou nada!!! Que confusão!

  3. SanDro. @ 1 Nov, 2007 : 12:09
    Ahááá que legalll, olha a fotoooo minhaaa!!! minha foto alias... agora além do pS3, ja estou com o Nintendo Wii hahahahahahahaha, muito legal. E ainda pretendo fazer mais coisas.. aguardem ;0) Obrigado Ewerton pela publicaçao da matéria no blog.

  4. Karina Almeida @ 1 Nov, 2007 : 15:13
    legal a historia do sandro! e pelo visto ele eh muito esperto! sabe aproveitar bem o dinheiro e nao se esqueceu de investir nos estudos. eh isso aih sandro! manda brasa nos seus sonhos ; )

  5. Maíra @ 1 Nov, 2007 : 16:41
    Parabéns pelo blog novo!!! Boa sorte por aqui. Que bom que o Sandro gosta tanto daí, gostar do país em que resolvemos morar é o primeiro passo para sermos mais felizes! Bjos

  6. dekasegui @ 1 Nov, 2007 : 18:31
    os dekaseguis dizem que preferem correrem o risco de morrerem em terremotos no Japão do que serem assassinados no Brasil.

  7. Paulo @ 2 Nov, 2007 : 01:38
    A forma de ver o país que o Sandro tem deve ajudá-lo muito! Assim como disse a Maíra, gostar de onde se vive é fundamental. Parabéns a ele, pela atitude mental correta e a você, pelo olho clínico na escolha do exemplo. Abraços

  8. Suélen Lopes @ 2 Nov, 2007 : 15:40
    rs... Não falei que você é criativo e seus textos são ótimos? :) Adorei o "post-matéria". Muito bom! O Rmax disse uma coisa que também concordo: "nós, não descendentes, temos muito mais interesse pela cultura japonesa que os descendentes". Meu noivo e a família são japoneses e eu conheço muita coisa que ele e a irmã desconhecem sobre a cultura. Não que eles não tenham interesse, eu que sou mais curiosa. Mas, claro, não sei tudo. Sou apaixonada por essa cultura e queria ter nascido japonesa. Acho-as lindas! Respeito muito vocês japoneses. É um povo adorável! Abraços e parabéns, mais uma vez, pelo blog!

  9. Dili @ 2 Nov, 2007 : 23:49
    Olá Wheto!!! Parabéns! Através de um simples personagem você nos trouxe muitas informações sobre os brasileiros que vão ao Japão (dados estatísticos, modo de viver, dificuldades). Uma pauta interessante mas que causará discussões é sobre o Ijime, é um assunto interessante para alertar as pessoas que vão tentar a vida no Japão. Beijos Dili

  10. Caruso @ 3 Nov, 2007 : 14:28
    Aí vai mais um não-descendente de japoneses falar que adora a cultura do Japão...rs.Muito legal o casal. Gostei de ele comprovar que nem toda fábrica é o inferno que todos diziam. Acho que tudo é questão de opinião e vivência de cada um. Ela tbm. Confesso que é raro ver descendentes de japoneses com tanto interesse pela língua japonesa, mas acho que ela só tem a ganhar! Eu tbm estudei e não me arrependo. Sei que tenho muito que aprender, mas a cada coisa nova que aprendo, me facino ainda mais com o idioma daqui. Parabéns ao casal e ao Ewerthon por mostrar uma história tão exemplo para muita gente.

  11. Hilda Handa @ 4 Nov, 2007 : 10:54
    Oi, Ewerthon! Conforme o prometido, aqui vou eu... Bacana esse seu blog, temos milhões de histórias interessantes sobre esses dekasseguis que já viraram imigrantes. Adorei ouvir a história do Sandro porque é muito para cima. No nosso ofício de observar os nossos compatriotas, sempre noto, com tristeza, que a maioria vive se queixando. Uns porque querem voltar ao Brasil, outros porque voltaram e não deu certo, tiveram que retornar... Sem reconhecer o que há de bom. A saudade é grande, o Brasil é o meu país, mas é preciso aproveitar a oportunidade que muitos gostariam de ter, mas nem todos conseguem. Ih, isso dá um pano pra manga... melhor parar e esperar por mais notícias suas! Parabéns e muito sucesso!

  12. ricardo @ 4 Nov, 2007 : 12:46
    Legal a história do Sandro. Todos entendemos bem como ele deve se sentir, principalmente em relação ao passatempo predileto, que é o Playstation 3. Olha, pra mim o PS2 já estaria de bom tamanho. Quem sabe um dia... abs

  13. Afi @ 9 Nov, 2007 : 23:01
    Quais são as comunidades mais numerosas, de estrangeiros no Japão? Penso que é a dos chineses e depois a dos coreanos. Acertei, ou não? Será que podia falar um pouco nisso?

  14. Hugo @ 4 Jan, 2008 : 01:52
    é verdade. mts não descendentes tem mais interesse do que os descendetes. principalmente os sanseis e yonseis, goseis rsrs

  15. Gorgeous @ 11 Jan, 2008 : 02:10
    Hahahahahaha Tenho lido os posts daqui ja faz um booooooooooooooooooom tempo. Concordo com o Tiao. Parece que o tal de Max fala fala fala e nao fala nada. Fica misturando o que ele acbou de aprender nas aulas para demonstrar erudicao.

  16. Luisa @ 3 Jul, 2008 : 11:56
    olha, eu tô muito interessada em ir trabalhar no Japão!! Só que não sou descendente e nem casada com um. por isso, queria saber se é possível eu conseguir uma vaguinha... se alguém puder responder meu email é smoonl@hotmail.com Agradeço a atenção

  17. Luisa @ 3 Jul, 2008 : 11:57
    olha, eu tô muito interessada em ir trabalhar no Japão!! Só que não sou descendente e nem casada com um. por isso, queria saber se é possível eu conseguir uma vaguinha... se alguém puder responder meu email é smoonl@hotmail.com Agradeço a atenção

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Perfil

Ewerthon Tobace, jornalista, 31 anos. Um dia, meu avô resolveu enfrentar o desconhecido. Chegou ao Brasil de mala e cuia, sem falar a língua. Agora, faço o caminho inverso e, a cada dia, descubro os fascínios da ‘terra do sol nascente’. Moro no Japão desde 2001 e trabalho na mídia étnica com foco na comunidade brasileira.
 



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