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Pedro Nastri

São Paulo / São Paulo - Brasil
67 anos, Jornalista e Escritor

Cem anos de história. O começo


Prezados amigos.

Como jornalista e pesquisador da história da Cidade de São Paulo, não poderia deixar de escrever sobre a contribuição que a comunidade japonesa prestou para o progresso desta metrópole, bem como, para o engrandecimento desta cidade.

Antes de falar sobre as famílias de imigrantes japoneses, é bom lembrar um pouco a história que trouxe essa gente para cá.

Com a vitória japonesa na Guerra Sino-Japonesa, a Revolução Industrial progrediu rapidamente, mas quase nenhuma modificação se registrou na vida dos camponeses. Homens desempregados permaneceram na zona rural, ou se integraram à camada pobre dos centros urbanos, e a emigração passou a funcionar como uma válvula de escape para o excesso populacional rural, principalmente para os jovens do sexo masculino.

Logo após a Guerra Russo-Japonesa, os imigrantes japoneses começaram a chegar ao Brasil. Em 1895, foi assinado o tratado de comércio entre os dois paises e em 1897, uma das empresas de imigração existentes na época obteve um contrato, pelo qual se propunha a enviar 2 mil imigrantes trabalhadores para o Brasil, porém, a crise cafeeira ocorrida, um ano antes, impediu a concretização da viagem.

Em 1905, o Ministro Suguimura, chefe da legação japonesa no Brasil, informou a seu governo sobre as necessidades de pessoal no Estado de São Paulo, incentivando a imigração japonesa. Um outro desbravador do caminho para a vinda de imigrantes japoneses para o Brasil foi Ryu Mizuno, que fundou a companhia Imperial de Emigração e, em 1907, obteve do Governo do Estado de São Paulo a autorização para o transporte de 3 mil emigrantes, em parcelas anuais de mil pessoas.

Assim, em 18 de junho de 1908, aportou em Santos o vapor japonês “Kasato Maru”, trazendo 165 famílias, num total de 781 pessoas, abaixo do contingente estabelecido de mil imigrantes, em função das exigências de imigração familiar, ou seja, um mínimo de três pessoas capazes de trabalhar em cada uma das famílias aqui chegadas.

Esses imigrantes tencionavam trabalhar, por alguns anos, nas fazendas de café e obter uma poupança para voltar às suas terras. Porém, sob o regime de mesadas então vigente, tornava-se difícil tal poupança. No primeiro ano de Brasil, a colheita de café foi ruim para os japoneses e o trabalho de três pessoas não alcançou a diária de um trabalhador de fazenda. Apesar disso, a 28 de junho de 1910, chegaram a Santos 247 famílias japonesas, compreendendo 906 pessoas, trazidas pelo navio “Ryokun-Maru”. Como o contingente anterior, este foi destinado à região da Alta Mogiana.

Entre os anos de 1912 e 1914, foi registrada, no Porto de Santos, a entrada de oito navios de emigrantes japoneses, trazendo 13.289 pessoas, segundo dados estatísticos.

Ao imigrante japonês, desejoso de reunir dinheiro rapidamente para poder voltar a seu país, indiferente a aquisição de terras e conseqüente sedimentação no Brasil, se ofereceu o trabalho de “formador” ou “contratista” cafeeiro e da cultura de arroz, batata e, um pouco mais tarde, de algodão, sempre com vistas à comercialização realizada em prazos, relativamente curtos, em terras arrendadas.

O primeiro trabalho de “contratista”, realizado por imigrantes japoneses, foi a região de Araraquara, em 1912, onde o administrador da grande fazenda Guatapará comprou um extenso lote e formou sua própria fazenda, encarregando 40 famílias de imigrantes japoneses de cuidar da formação de 400 mil cafeeiros. Foi daí que saíram os fundadores do primeiro núcleo de proprietários japoneses plantadores de café, em 1918.

Uma outra corrente de imigrantes japoneses dirigiu-se para a região litorânea de São Paulo, nas proximidades da Estrada de Ferro Santos-Juquiá, iniciando núcleos de cultivo de arroz e de banana.

Uma terceira corrente dirigiu-se para as proximidades de São Paulo, a partir de 1913, dedicando-se à cultura da batata inglesa. A região Noroeste de São Paulo, compreendida entre os rios Tietê e Peixe, começou a ser colonizada em 1915, com a construção da Estrada de Ferro Noroeste.

Para o desbravamento e colonização da região, foi elaborado um projeto de introdução de lavradores independentes, sendo fundada a Companhia de Terras, Madeiras e Colonização de São Paulo, que adquiriu, do governo, a região de Birigui. Em poucos anos, imigrantes, das mais diversas origens, ali se estabeleceram.

Os primeiros colonos japoneses a tomar parte do empreendimento foram 13 famílias que chegaram à região, em 1915, dando início à fundação do núcleo de pequenos produtores japoneses em Birigui. Simultaneamente a este, surgiu, na região Noroeste, outro núcleo, no local denominado Cafelândia.

Em fins de 1916, surgiu um terceiro tipo de colônia de imigrantes japoneses, na região litorânea de São Paulo, à margem direita do Rio Ribeira de Iguape.

Estes núcleos, denominados Shokuminchi, constituíam comunidades com seu próprio substrato, estruturadas hierarquicamente. Porém, foi entre os anos de 1925 e 1935, que a imigração japonesa no Brasil atingiu sua época culminante, pois, neste período, ingressaram no país 139.059 pessoas daquela procedência. Ao contrário do primeiro período, no qual o governo brasileiro subsidiara as vindas dos colonos, na época mencionada, quem financiava as despesas da viagem era o governo japonês.

Entre 1935 e 1941, registrou-se uma sensível queda nas imigrações, em conseqüência da entrada em vigência da Lei dos Dois por Cento, segundo a qual a quota de imigrantes foi fixada em 2.849 pessoas por ano.

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, foi interrompido o fluxo de imigração. Até a guerra, as principais companhias colonizadoras a atuar no Brasil foram a Kaigai Koyo Kabushiki Kaissha (Companhia Ultramarina de Empreendimentos S/A), a Fazenda Juqueri, no Município de Franco da Rocha; a Fazenda Hirano, em Cafelândia; a Fazenda Brejão e a Fazenda Vae-Bem, na Alta Sorocabana; a Fazenda Vetsuka, em Promissão; a Sociedade Colonizadora do Brasil; Nambei Taku Shoku K.K. (Sociedade Colonizadora Sul-Americana S/A); a Amazon Kogyo K.K. (Companhia Amazônica de Empreendimentos S/A); a Fazenda Kotaku (Escola Superior de Colonização) e a Fazenda Ultramarina de Colonização, na Bacia Amazônica.

A imigração japonesa, depois da guerra, foi realizada em escala limitada. Desde então e até 1960, 37.444 japoneses vieram para o Brasil. A partir de 1961, em virtude do espantoso desenvolvimento da indústria japonesa, o fluxo imigratório diminuiu ainda mais. Depois da guerra, a colonização japonesa no Brasil foi realizada principalmente pela Fazenda Jamic – Imigração e Colonização Ltda, e por outras fazendas particulares e núcleos coloniais, estaduais e federais.


Enviada em: 17/05/2009 | Última modificação: 17/05/2009
 

 

Comentários

  1. Mario Katsuhiko Kimura @ 19 Mai, 2009 : 15:25
    Sr. Pedro Nastri, Grande jornalista/escritor e historiador. Obrigado por transcrever a historia da imigração japonesa no Brasil de forma sintética, clara, sem suprimir dados históricos de suma importância. Espero que continue a sua pesquisa para colocar nestas páginas para que os leitores como eu possa aprender e compreender a imigração de nossos ancestrais.

  2. Massaburo Mashika @ 20 Mai, 2009 : 04:24
    Prezado Jornalista Pedro Nastri. Parabéns pelo importante relato sobre o início da imigração de nossa gente. Surpreendente sua pesquisa e, importante para os anais dos cem anos. Como descendente, fico regozijado com pessoas como o senhor que tem grande apreço com nossa gente. Obrigado e continue escrevendo. Sempre seremos gratos por tais lembranças.

  3. Nelson Sinzato @ 20 Mai, 2009 : 06:44
    Prezado Sr. PEDRO NASTRI, seu relato agrega um valor informativo muito grande a esse Site. Parabéns pelo brilhante trabalho. Como descendente fico imensamen te grato.

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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil

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