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Atílio José Avancini

São Paulo
71 anos, professor universitário

Poesia, artes plásticas e música


A fim de encorajar os estudantes a deixar a passividade, fazer perguntas e se lançar mais abertamente ao universo das idéias do outro – e simultaneamente para formatar também as suas próprias idéias –, propus experimentos com três autores da arte moderna brasileira: a poesia de Cecília Meireles, a pintura de Tarsila do Amaral e a música de Tom Jobim. Com esse “tesouro”, pude avançar cuidadosamente, evitando a acomodação.

O enfoque na escritora Cecília Meireles (1901-1964) foi baseado no livro Ou Isto ou Aquilo, escrito para o público infantil e adulto. Assim, cada fragmento poético –
possuindo narrativa própria, rima interna e traço cultural – foi discutido criativamente com os alunos. Nesse âmbito, procurei ser conduzido pela simplicidade e profundidade das ondas poéticas de Meireles, convidando os alunos a compartilhar tal vivência.

O foco na pintora Tarsila do Amaral (1886-1973) foi a partir de algumas de suas mais importantes obras, que foram significativas na ruptura estilística das artes plásticas brasileira. Imagens como A japonesa (1920), A negra (1923), Abaporu (1928), Antropofagia (1929) e Operários (1933), foram reproduzidas pelos alunos na busca da similaridade – e não da cópia – na tentativa de facilitar análises estéticas e simbólicas das obras.

Chega a ser natural a atração do Japão pelo gênero musical bossa nova: calmo, romântico, leve, discreto, ritmado e intimista. Desse modo, tomei a iniciativa de levar meu violão em sala de aula para tocar e cantar algumas canções do genial músico Tom Jobim (1927-1993), compostas nos anos 50 e 60: Garota de Ipanema, Este seu olhar, Eu sei que vou te amar, Corcovado, Desafinado, Samba de uma nota só e A felicidade.

O som da bossa nova trouxe brilho aos olhos dos estudantes, os corpos renovaram os movimentos, as barreiras se diluíram. Com a introdução de elementos didáticos brasileiros e afinados com a identidade japonesa, pude promover a troca de idéias: dar prazer aos ouvidos e estimular o pensar. A bossa nova favoreceu um trabalho de compreensão das letras, de discussão sobre os “anos de ouro” da cidade do Rio de Janeiro, de vivências rítmicas, de experiências bem-sucedidas com o coral formado por alunos em sala de aula.

Tive ainda o privilégio de escrever a letra de duas canções de bossa nova, compostas pelo professor Shiro Iyanaga, Sonho Primaveril e Só em Kyoto. A partir dessa parceria, criamos o grupo musical Ventos Tenros, juntamente com a professora brasileira Fernanda T. Magalhães e o estudante Ryota Takahashi. Fizemos uma marcante apresentação no festival anual dos estudantes em novembro de 2006.


Enviada em: 24/10/2007 | Última modificação: 30/10/2007
 
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Comentários

  1. renata @ 14 Dez, 2007 : 11:26
    Atílio, muito bonita sua história e,de certa forma, corajosa sua ida ao japão. boa sorte por aí!

  2. André Jun @ 8 Jan, 2008 : 09:37
    Grande Atílio! Aqui é um ex-aluno de Edit, cara! Tava passando pelos perfis e encontrei o teu. Parabéns mais uma vez pelo teu trabalho e esforço! Té mais!

  3. Miguel Vieira @ 8 Jan, 2008 : 11:47
    Parabéns, Atílio! Aqui é outro ex-aluno seu da editoração (1998) -- gostei muito de ler (e ver) o seu relato. Tudo de bom, e um grande abraço.

  4. Rita de Cássia Arruda @ 3 Jun, 2008 : 15:20
    Prezado Atílio: Parabéns pelo belíssimo relato aqui compartilhado com os demais depoentes e com os leitores em geral, que acessam esse maravilhoso site criado pela Editora Abril para celebrar o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. Você soube magnificamente captar a alma do povo japonês, especialmente do morardor de Kyoto, mergulhando fundo no dia a dia da cidade. Seu depoimento é cheio de detalhes ricos e interessantes que emocionam pelo respeito e admiração demonstrados por esse digníssimo povo do Nihon. Sua contribuição aos estudantes da Universidade de Estudos Estrangeiros de Kyoto creio ser inestimável. Meu irmão André também estudou na Kyoto Gaidai e sua experiência no Japão foi igualmente muito enriquecedora. Também eu prestei aqui minha homenagems às minhas queridíssimas amigas Kaoru e Aki, como parte dessa importante celebração. Um abraço cordial.

  5. Karina @ 21 Nov, 2008 : 04:10
    Parabéns, Atílio, por detalhar suas experiências no Japão. Espero que tenha obtido bons saldos para suas pesquisas nesta viagem. Karina

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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil

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