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  Conte sua históriaSatoshi Yoshii › Minha história

Satoshi Yoshii

São Paulo
87 anos, cantor

Como me tornei o "Pavaroshi"


Desde a infância comecei a me interessar por músicas eruditas em geral, por influência da Rádio Gazeta. Lembro-me que aos 13 anos eu já queria ter minha própria vitrola para poder ouvir as músicas e poder cantar junto com o disco, pois nesta época, eu já engrossava a voz para tentar acompanhar as canções napolitanas que eu ouvia. Cresci ouvindo a ópera "Tosca", de Puccini. Contudo, por ser muito novo, não tinha a técnica necessária até mesmo para “brincar” de cantá-la.

Aos 17 anos entrei numa gravadora, e por curiosidade gravei um disco só para ver como era minha voz. Mas o pianista que me acompanhou aconselhou-me a esperar mais um tempo e, sim, estudar canto para adquirir as técnicas que eu ainda não tinha, por nunca ter estudado.

Na verdade, minha primeira apresentação foi cantando músicas italianas na minha própria formatura, em 1954, onde por acaso acabei descobrindo que uma de minhas colegas, italiana, era filha de uma cantora lírica. Ela me levou ao maestro Fidélio Finzi, então regente do coral Ítalo-Brasileiro aqui em São Paulo, e foi ele que me deu as primeiras aulas de canto. Contudo, por um ano inteiro ele me torturou (porque eu gostava de ópera), fazendo com que eu cantasse somente músicas de câmara, evitando que eu “forçasse” minha voz.

Com o passar do tempo fui me aperfeiçoando, e poucos anos depois comecei a participar de vários programas de calouros. Porém, não foi tudo tão fácil assim, pois em casa eu não tinha apoio nenhum, e meu pai exigiu que eu tivesse outra formação, deixando a música apenas como hobby. Primeiro ele me fez estudar contabilidade. Quando achei que já seria o suficiente, ele exigiu que eu entrasse na faculdade Mackenzie, para me formar “professor de matemática”. Nessa época, eu comecei a ser convidado a cantar e a atuar. Uma das propostas que recebi, após um mês de ensaio, fui obrigado a abandonar, por exigência do meu pai, que queria que eu me dedicasse ainda mais aos estudos. Aos 23 anos ganhei uma bolsa de estudos para estudar canto na Itália, incluindo emprego por lá, mas não fui por “medo” e insegurança.

Quando acabei todos os estudos que “meu pai quis”, entreguei o diploma nas mãos dele e, em 1960, após participar de um concurso público para cantores, ingressei em segundo lugar, com nota 95, no Teatro Municipal de São Paulo, onde integrei o Coral Paulistano até março de 2003, quando me aposentei.

Dentro desta minha vida com a cultura italiana, me casei com uma descendente de italianos e pianista também (Neusa Maria). Em 1989 ingressei na Cantina do Gigio, pois nesta época eu já estava querendo começar a cantar músicas mais leves, e lá me apresento todas as sextas e sábados a partir das 21h. Me apresentei em vários programas de televisão, tais como "Jô Soares onze e meia" e Silvio Santos, e fiquei conhecido por "Pavaroshi", pois não é todo dia que se vê um japonês cantando músicas italianas.


Enviada em: 11/10/2007 | Última modificação: 11/10/2007
 
Do Japão para o Brasil »

 

Comentários

  1. Gustavo D'Ippolito @ 19 Out, 2007 : 07:15
    Naturalmente sou suspeitíssimo pra falar por ser seu filho... Sempre admirei o Satoshi e cresci também ouvindo ópera e música italiana em casa, no carro indo para a praia, nos ensaios e nas gravacoes que ele fazia em casa. Tudo isso foi de alguma forma muito importante na minha formacao musical e pessoal. E ele tá aí "na ativíssima"!!! Quem quiser pode ir na cantina do Gigio em SP que o "rango" é bom e tem o "vozerao" dele abalando as estruturas dos prédios do bairro do Brás em todo fim de semana. Vida longa e muito canto ao "Pavaroshi"!!

  2. Andre M. Poldi @ 20 Out, 2007 : 13:30
    ...Faço das palavras de meu primo Gustavo, às minhas e assino embaixo, pois também sou suspeitíssimo prá falar por ser seu afilhado... Sempre admirei o "Tio Satoshi" e cresci ouvindo ópera e música italiana na casa dele ao vivo e na cantina do Gigio em SP, o que sempre foi muito emocionante, parabéns Tio Pavaroshi! Bjos, André M. Poldi.

  3. Neusa Maria Yoshii @ 26 Nov, 2007 : 02:16
    Falar do Satoshi é muito simples para mim por ser sua esposa; acompanhei sua trajetória de vida no bel canto desde o tempo que fazia parte do Coral Paulistano no Teatro Municipal de São Paulo...sempre admirei a garra e disposição que sempre teve com seus compromissos artísticos...suas apresentações em festas italianas, casamentos e na cantina do Gigio onde canta há uns 20 anos, sempre fazendo muito sucesso...continue sempre nos encantando com sua béla vóz, torcemos por vc...te amo

  4. Toshio Icizuca @ 5 Jun, 2008 : 23:28
    Que prazer em ver seu nome na história! Conheci você na Igreja Sul Americana, em 1953 ou 54,não sei se vc se lembra. Naquela época vc já cantava músicas italianas, e muito bem. Depois que me desliguei da igreja perdi contato com o pessoal, como Iriyas, makoto, Isac, Samuel, Emílio, e outros. Parabens pelo sucesso.

  5. Luci Suzuki @ 7 Jun, 2008 : 05:37
    Sr. “Pavaroshi” Yoshii, foi com grande simpatia que lí o seu relato e não poderia deixar de registrar minhas congratulações pela sua bela carreira. Dado o contexto da época, e como nikkei, o sr. foi duplamente um “outsider”. A começar pela persistência de não abrir mão de sua paixão, cumprindo ainda um percurso paralelo, que satisfizeram seus pais. E depois, pela brilhante conquista no ambiente, no qual quase sempre os italianos e seus descendentes primam. (Esses misteriosos seres, que parecem já nascer com as cordas vocais afinadas!) E através do seu relato, me permito uma pequena reflexão, apesar do meu escarso conhecimento deste universo. Talvez porque o Japão tenha tbém uma longa tradição na formação musical clássica nas escolas, onde vivo (Milão), o maior número de estudantes estrangeiros de canto e música lírica é de japoneses. E me parece, isso se deu já nos anos 70 e 80, cuja história de intercâmbio remonta ao início do século passado. Essa afinidade cultural se comprova tbém com “la prima” de um grande espetáculo, cujos ingressos são quase impossíveis de obter, até mesmo para o público local. Há uma grande quota já reservada com meses de antecedência pelas próprias insituições destinada aos japoneses - justamente por ser o público estrangeiro de maior número. Eles voam do outro lado do continente especialmente por uma noite de “Tosca” ou uma “Aida” no Scala ou na arena de Verona. Através do que observo aquí, não creio, sinceramente, que a força econômica de uma nação justifique este interesse cultural, se não houvesse por trás um Estado presente, a oferecer digna formação escolar que permita uma ampla visão artística e cultural ao seu povo. Me orgulha pensar que apesar do nosso difícil contexto, tenhamos entre nós um empenhado artista como o senhor. Um grande abraço, Luci.

  6. liziani_gp@hotmail.com @ 22 Jun, 2008 : 16:14
    Fico bem feliz por saber que estão bem. Espero um dia poder reencontrá-los. Sei que errei muito, mas estou disposta a corrigir meus erros e falhas, nunca é tarde para um recomeço. Desejo do fundo do meu coração que vocês possam me perdoar. Amo vocês!!!

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