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Ilka Mina Akinaga

São Paulo / SP - Brasil
40 anos, Estudante

Entre o Brasil e o Japão


Em 2003 eu consegui uma bolsa de estudos e vim pro Japão para cursar o ensino superior. Vim sem saber o que estudar, mas durante o primeiro ano, enquanto fazia o curso de japonês, optei por Pedagogia. Agora estou no último semestre, mas decidi ficar para trabalhar, ao invés de voltar pro Brasil como tinha planejado inicialmente.

No Brasil, apesar das piadas sobre os olhos puxados e os “arigatô” que ouvia de estranhos na rua, eu nunca me senti fora do ninho vivendo em São Paulo, a capital dos nikkeis (descendentes de japoneses). Também nunca me perguntei se era japonesa ou brasileira. Eu era brasileira descendente de estrangeiros, assim como os descendentes de italianos, libaneses, chineses etc.

Foi depois de vir pro país dos meus avós que eu comecei a me perguntar quem era o quê na história. Enquanto no Brasil eu era rotulada como “japonesa”, aqui no Japão eu sou “estudante estrangeira”. Meus avós são japoneses, mas tanto a língua que eles falam como os costumes que eles levaram daqui mudaram tanto que seria difícil se adaptar ao Japão moderno se eles voltassem. Hoje em dia olham para mim e pensam que eu sou japonesa, nascida aqui. Mas logo quando eu cheguei e tinha mais “jeito de estrangeira”, tanto os japoneses como os estrangeiros se espantavam quando eu dizia que era brasileira, já que os brasileiros são latinos, e eu tenho cara de asiática. Então, quando eu explicava que era nikkei, logo se precipitavam dizendo “ah, então você fala japonês!”. Não é bem assim...

Além dos estereótipos e preconceitos em relação aos estrangeiros, muitos aspectos da sociedade japonesa dificultam e às vezes até impossibilitam o entrosamento entre estrangeiros e japoneses. Mesmo assim, eles vão ficando. Nós acabamos ficando. Mesmo reclamando do trabalho duro, do alto custo de vida, das dificuldades em se relacionar com os japoneses e das saudades de casa, é o conforto, a segurança e as oportunidades que muitas vezes falam mais alto.

Eu agarrei minha oportunidade profissional e resolvi ficar depois de completar meus estudos, para aproveitar o que o Japão tem de bom para oferecer. Mas as coisas boas que o Brasil tem, brasileiro nenhum esquece, assim como os imigrantes japoneses não se esqueceram das coisas boas da sua terra. Eu encontrei minha identidade como brasileira nikkei, carregando em mim um pouco do Brasil e um pouco do Japão antigo transmitido através das gerações. É assim que eu espero encontrar o meu lugar. No Brasil, no Japão, quem sabe onde?


Enviada em: 11/10/2007 | Última modificação: 11/10/2007
 
História das Minhas Origens »

 

Comentários

  1. Fabio - Maria´s Haus @ 18 Out, 2007 : 18:05
    Excelente história!! Parabéns por esta conquista e muita boa sorte na sua carreira profissional aí no Japão. Bjs.

  2. Camila @ 19 Out, 2007 : 12:19
    Sua história é de arrepiar! Admiro seu empenho e dedicação.....Tenha certeza que sua família se orgulha muito de vc....Boa sorte! Bjs.

  3. Lidia Ikuta @ 20 Out, 2007 : 08:49
    Querida Ilka, Parabéns pelo depoimento, e espero que vc conquiste todos os sonhos e que alce voos para mais uma nova jornada com sucessso.... O seu empenho e dedicação vai fazer a grande diferença. "Good luck"!! Beijos.

  4. Denise - Cunhada @ 20 Out, 2007 : 16:23
    Parabéns!!! Admira-me o seu desempenho nas tarefas realizadas, pois, tornou uma grande mulher de sucesso. Diante da sua dedicação e esforço em todas atividades efetuadas terá ainda mais êxito. Beijos.

  5. Juliana @ 20 Out, 2007 : 21:06
    Oi priminha!! Adorei seu depoimento, espero que você tenha muita sorte aí no Japão... Você é uma pessoa esforçada e merece tudo de bom. Beijos da prima

  6. yumi @ 4 Nov, 2007 : 14:00
    Ilka!!! Cada vez mais sucesso, hein! Olha estamos muito orgulhosos de vc e dessa tua garra. Com certeza isso te norteia em busca das melhores oportunidades que a vida te mostra.Boa sorte...saudades...Yu

  7. aline mina @ 19 Abr, 2008 : 18:33
    oi..por coincidencia achei a sua historia na net...e achei mas conscidencia ainda agente ter o mesmo sobrenome...achei super interessante..c vc por acaso ler isso entre em contato comigo... allynnemina@hotmail.com bjiss

  8. Sílvio Sano @ 19 Abr, 2008 : 19:44
    Querida Ilka, o seu depoimento é uma grande contribuição aos jovens que estão afastado de suas raízes e, por certo, também ao Brasil multirracial (mais de 60 nacionalidades imigrantes). Explico... Nenhum país do mundo tem as possibilidades de intercâmbio cultural facilitadas como o nosso, de nem se precisar cruzar fronteiras para isso!! Mas intercâmbio é troca. Ou seja, é preciso ter a posse de algo para se trocar. Se cada descendente imigrante neste país conhecer bem suas raízes e oferecer seu conhecimento em troca do outro, tanto ganha o país como ganha o próprio. Imagine, no futuro, o perfil do brasileiro composto pela somatória de tudo isso. Estou sonhando? Nem tanto, já que se trata de uma posse fácil de se obter porque está "na mão". Né, não? Por exemplo, Ilka, antes dessa retomada de consciência, sabia que tinha esse esplêndido acervo de fotos... e essa rica história ancestral... tão "na mão"? Parabéns!!

  9. Michelly Yokota @ 7 Jun, 2008 : 23:06
    que legal achar você... percebi que você é da familia Yokota fiquei interessada em saber algo da sua familia será que somos primas destantes. mande um e-mail michellyyokota@hotmail.com

  10. Takeshi Misumi @ 17 Jun, 2008 : 00:53
    Ilka, Parabéns pelos seus depoimentos. Demonstram acima de tudo um belo trabalho de resgate da história que se enquadra perfeitamente nas comemorações do centenário da imigração japonesa. Alguns dias após ler o seu primeiro depoimento, tomei conhecimento deste texto que você tinha feito como trabalho de faculdade. Foi sua mãe Miyoko que havia me repassado. Estava pensando em lhe escrever para divulgar neste espaço, e, eis que vejo hoje o texto reproduzido aqui. Ao ler, uma mescla de alegria e tristeza. Alegria porque um belo texto como este merece leitura atenta pelos admiradores deste espaço. Tristeza pela partida de sua querida avó, mãe de minha amiga Miyoko. A sua avó, assim como todos que conviveram com ela, vivenciaram uma vida repleta de heroismo, de sacrifícios, de superação, e muitos sucessos. Porisso, espero de você outros textos como estes. Obrigado e parabéns.

  11. Shigueru Kubo @ 18 Jun, 2008 : 02:37
    Oi Ilka, primeiramente gostaria de te agradecer por ter contado como foi a trajetória da nossa família, afinal por incrível que pareça eu não a conhecia. Para quem não me conhece, meu nome é Shigueru Kubo, sou o filho mais velho de Yoshiko Yokota que ao se casar com meu pai, Tetsuo Kubo, passou a se chamar Yoshiko Kubo. Tenho mais dois irmãos, Ossamu e Miury. Por ser o neto mais velho, tive a felicidade de conhecer meu Ojiityan, juntamente com meu irmão e meus primos de Botucatu, Yumi e Kenji, filhos de Kimie. Infelizmente os outros netos não o conheceram, pois não haviam nascido. Mas nunca me esquecerei dos Domingos que passávamos reunidos, por isso quando meu filho nasceu dei o nome de Satoshi para homenageá-lo, assim como minha mãe fez comigo, homenageando o Ojiityan dela. Felizmente todos os netos puderam conhecer e conviver com a nossa querida Obaatyan, que como vc mesmo disse, não media esforços para nos agradar. Ela foi uma pessoa querida não só pelos filhos e netos e sim por todos que a conheceram. Ilka, eu sei que vc se preocupava muito com nossa batchan, mas infelizmente a distância a impediu de vê-la no fim de sua vida, mas gostaria de te dizer que assim que minha mãe me disse que ela estava internada, não medi esforços e a visitava todos os dias, assim como nossa prima, Mariana a quem devemos muito por tê-la levado ao Hospital como fazia frequentemente, mas infelizmente detectaram um problema, tb à todos os familiares e amigos que sempre encontravam um tempinho para visitá-la. Eu não comentei com ninguém, mas gostaria que vc soubesse que mesmo se encontrando no estado que ela estava, quase sem sair a voz ainda se mostrou preocupada com todos e me perguntou sobre vc e os tios que se encontravam aí no Nihom. Finalmene gostaria de poder tranquilizá-la dizendo que ela se foi em paz e sem sofrimento, pois no momento de sua partida ela estava sedada, então foi como ela estivesse dormindo, inclusive no velório, sua expressão não era de dor e sim a de quem cumpriu sua missão na Terra e acho que é desta forma que devemos lembrá-la. Mais uma vez muito obrigado à vc Ilka por ter me dado a chance de descobrir minhas origens e à Batchan por todos nós sermos quem somos e que é um motivo de muito orgulho.

  12. Sergio Massaharu Yokoyama @ 20 Jun, 2008 : 22:01
    oi Ikka vc tem o mesmo sobrenome da familia da minha batian (Akinaga) e que morou em Mairipora-SP que tambem tem vinculos com a familia Shikasho.entao sera q somos primos distantes?se quiser entrar em contato comigo meu e-mail eh massaharu1986@hotmail.com .estou morando no Japao tambem em Toyota Aichi-Ken

  13. Helena Watanabe @ 6 Jul, 2008 : 12:43
    Oi Ilka. Recebi de sua prima Karen Ikuta, minha amiga, um e-mail com o link do site. Parabéns pelo relato, muito bem feito, desta história de garra de seus familiares, acho super importante e fico muito feliz que a comemoração do Centenário da Imigração Japonesa para o Brasil tenha possibilitado a divulgação de histórias de garra e perseverança de muitas outras famílias e a integração de muitos japoneses e descendentes. Podemos nos considerar muito felizes pois tivemos exemplos e recebemos ensinamentos da importância desta garra e perseverança para alcançarmos nossos objetivos. Muita boa sorte em sua vida aí no Japão. Beijos.

  14. Hugo Tadashi Akinaga @ 19 Nov, 2008 : 02:40
    Meu pai também morou em Mariporã... tenho parantes lá ainda! E temos o mesmo sobrenome ^^v que legal! hugotadashi@hotmail.com

  15. Hugo Tadashi Akinaga @ 19 Nov, 2008 : 02:41
    Meu pai também morou em Mariporã e nasceu em Fukuoka... tenho parantes lá ainda! E temos o mesmo sobrenome ^^v que legal! hugotadashi@hotmail.com

  16. Andreson @ 18 Mai, 2009 : 07:27
    Ola tenho 19 anos e moro com os meus pais adotivos Eo meu pai e japones tem como eu entra no japao para trabalha si tiver como me fala andreson_perilo@hotmail.com

  17. bruna mina @ 5 Jun, 2009 : 08:16
    oi sera ki da pra vc mi add por conhecidencia tb sou mina me add no msn bruh_carolineminna@hotmail.com Kissu!

  18. Claudiane @ 7 Nov, 2010 : 03:19
    Gostei..achei muito interessante a história... Muito bom saber da cultura tbm...eu adorooo!!!^^

  19. Mario Katsuhiko Kimura @ 7 Nov, 2010 : 10:42
    Ilka Mina Akinaga, Parabéns por resgatar a história de sua baatian com riqueza de detalhes. A historia retrata a vida sofrida dos imigrantes japoneses, muitos legados deixados, notadamente de sermos determinados, honestos e batalhadores, caminho aberto para seus descendentes para trilhar com menos sofrimento. Resta a nós como seus descendentes honrar esse sacrifício, não deixar em vão e dar continuidade em mostrar valores dos nikkeis . Obrigado a Ilka pelo depoimento, obrigado a baatian pelos enormes sacrifícios, ao agradecer a baatian da Ilka estendo a todos os imigrantes que aqui aportaram com fito de vencer neste país longínquo. Grande abraço

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