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O terror da guerra

Aos 12 anos de idade, fui ao Japão com minha mãe, de férias. Meu pai havia programado para ir também, mais tarde. Mas começou a Segunda Guerra Mundial e nenhum navio podia mais entrar ou sair do Japão. Também não conseguíamos mais receber dinheiro do meu pai.

Durante a guerra, moramos na casa da minha obatchan (vovozinha), em Kawagoi, na província de Mie. Nessa época, eu estava cursando o ginásio (hoje ensino fundamental), mas uma bomba acabou com a escola. Passamos a ter aulas na igreja, mas ela também foi destruída.

Os estudantes eram obrigados a ajudar a trabalhar nas fábricas, mas elas também foram atingidas nos bombardeios. Então, passamos a fazer curativos em feridos numa casa, como se fôssemos enfermeiros, embora não tivéssemos conhecimento nenhum para isso.

Havia um buraco onde todos deviam se abrigar em caso de ataque. Num dia, quando começou um bombardeio daqueles bem fortes, eu corri para este abrigo, pois havíamos treinado para se esconder no buraco mais perto de onde estivéssemos. Já estava com o pé lá, mas saí e corri até outro buraco, que pertencia a uma família. Eles reclamaram que havia uma estranha, mas ignorei e continuei lá.

Quando terminou o bombardeio, passei pelo outro abrigo e só vi pedaços de corpos: mãos, pés, cabeças. Na hora, não senti nada. Mas, depois, vi que Deus tinha salvo minha vida porque eu tinha alguma missão na Terra.

Depoimento à jornalista Kátia Arima