Um túmulo no Parque do Ibirapuera.

Sakai

Todo final de semana milhares de paulistanos visitam o Parque do Ibirapuera, mas pergunte pra alguém se já viu um túmulo por lá. São poucos os que notam a sua presença. Fica bem escondidinho, próximo ao Pavilhão Japonês (sobre ele eu falo outro dia). Cercado por muitas árvores, entre elas cerejeiras japonesas, é todo feito de granito preto e tem uns 2 metros de altura.

Mas não vá achar que você corre perigo de cruzar com fantasmas durante um passeio noturno. Não tem ninguém enterrado lá não. Pois não é um túmulo comum, trata-se de um cenotáfio. Não entendeu? Estou falando grego? É, devo confessar que também não sabia o significado da palavra e a procurei no dicionário. E não é que ela vem do grego mesmo? Ela tem origem na palavra "kénotáphion" que em grego significa "túmulo vazio".

E pra que serve um túmulo vazio? Bom, um cenotáfio é feito quando se quer homenagear mortos cujos restos mortais estão distantes. No caso do túmulo do Parque do Ibirapuera seu objetivo é o de homenagear os imigrantes japoneses pioneiros.

Tudo começou quando o japonês Tatsuo Fujikawa, da Associação de Famílias de Emigrantes ao Ultramar, chegou ao Brasil em 1972 para rastrear o paradeiro dos primeiros imigrantes japoneses que vieram ao país. Percorrendo diversas cidades, Tatsuo acabou descobrindo mais de 350 túmulos de imigrantes praticamente abandonados. Muitos deles de pessoas que não tinham mais parentes no país. Ele alertou os principais líderes da colônia japonesa para o fato, que levaram em frente a sugestão de Tatsuo para se prestar uma homenagem póstuma para esses imigrantes. A colônia se uniu, angariou fundos para sua construção e no dia 21 de agosto de 1975 foi realizada uma missa para a inauguração do Cenotáfio em homenagem aos Imigrantes Pioneiros, que contou com a presença do vice-primeiro ministro do Japão, Takeo Fukuda.

Desde então são feitas homenagens no cenotáfio todos os anos no dia 18 de junho, Dia do Imigrante. E toda autoridade japonesa que vem ao país, seja um membro da família real ou alguém com um cargo político importante, tem sempre em sua agenda uma visita ao local para prestar sua homenagem aos imigrantes pioneiros.

Postado por Alexandre Sakai | 9 comentários

Comentários

Karina Almeida @ 20 Out, 2007 : 23:53

nossa, pensei mesmo que voce estivesse falando grego. hihihi... mas voce explicou muito bem e achei superinteressante essa historia :)
Ewerthon @ 22 Out, 2007 : 00:53

Ja passei por la, tinha reparado, mas nao parei para ver de pertinho. Interessante. Muito interessante. Vou prestar minhas homenagens quando passar por la novamente! Valeu!
Ivi Paula @ 22 Out, 2007 : 17:03

Olá Alexandre, tudo bem? Já havia reparado sim no cenotáfio, e achei muito bacana a homenagem mais que merecida. Aliás, o pavilhão japonês é uma das partes que mais gosto de visitar!! Estarei aguardando a matéria sobre o assunto!! \o/ Beijos!
Ale Sakai @ 24 Out, 2007 : 01:18

Que legal que vocês já conheciam o cenotáfio. Da última vez que passei por lá tava rolando uma reforma na área em volta dele. Provavelmente por causa do Centenário da Imigração. Abs.
Osamu @ 25 Out, 2007 : 14:54

Obrigado, pela informação, valeu... Preciso de conhecer e reverenciar...Arigatoo
Harumi @ 26 Out, 2007 : 23:49

Nossa, a gente acaba se esquecendo de tantas coisas boas que há por aqui, não? Eu levei a minha filha, Cíntia, na época, com 10 meses. Hoje ela tem 21 anos. Faz tempo...É lindo lá, mas sinceramente eu não havia reparado.
Karina @ 30 Out, 2007 : 12:57

Oi! Invadí seu espaço! haha Aprecio bastante a cultura japonesa, e adorei as curiosidades que encontrei por aqui, se não se incomodar, pretendo voltar mais vezes. Bjos
Vanessa Miry Uchiyama @ 26 Dez, 2007 : 11:14

Olá, Alexandre!Passei por lá, e também estava em reforma; vou ver se volto lá novamente! Ah! Uma curiosidade; meu avô que fazia marcenaria japonesa, ajudou a projetar e contruir o Pavilhão Japonês! Parabéns pelo seu blog; entro todo dia!
cauejp @ 18 Fev, 2008 : 14:39

Sugoi Alexandre! To curtindo o seu blog.

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Perfil

Alexandre Sakai é publicitário. Paulistano, nascido no bairro do Ipiranga, é sansei, neto de japoneses. Adora fuçar livros, revistas e a internet atrás de informações e novidades. Atualmente tem coletado histórias curiosas da comunidade japonesa no Brasil para escrever um livro.

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